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Observatório econômico Canja de galinha

Publicado em: 31/10/2016 08:00 Atualizado em: 31/10/2016 19:46

Por Alexandre Jatobá (*)

Alexandre Jatobá é economista e diretor da Datamétrica. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Alexandre Jatobá é economista e diretor da Datamétrica. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Depois de um “longo e tenebroso inverno”, ao que parece, podemos estar iniciando um período de agenda positiva na economia brasileira. Recentemente, o Banco Central decidiu pela redução na taxa SELIC de 14,25% ao ano para 14,0% ao ano. Embora ainda pequena, foi o primeiro corte desde outubro de 2012 e, de pelo tom da ata divulgada, em que se prevê uma redução contínua na inflação, esta pode ter sido a primeira de uma série de novas reduções na taxa de juros, o que ajudará e muito na recuperação da economia.


Também foram divulgados pelo IBGE os dados de desemprego através da PNAD. O nível de desocupação no trimestre julho-agosto-setembro ficou em 11,8%, o que equivale a 12 milhões de desocupados. Apesar de o terceiro trimestre de 2016 ter registrado a maior taxa da série histórica, quando observamos os dados do período junho-julho-agosto, observamos que a taxa de desocupação praticamente não foi alterada. Ou seja, o desemprego pelo menos não aumentou, o que já pode ser tratado como uma boa notícia.

Continuando na esteira das boas notícias, a aprovação relativamente tranquila da PEC 241 em dois turnos da Câmara e sua provável aprovação no Senado é mais um passo importante para a longa jornada de recuperação da nossa economia. Por enquanto, o Governo está mostrando que possui uma base sólida no Congresso, e precisará mantê-la desta forma, já que as próximas pautas serão um pouco mais espinhosas (reformas previdenciária, trabalhista e política).

Por fim, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) o percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou em setembro 58,2, uma queda expressiva em relação a setembro de 2015, quando este indicador chegou a 63,5%.

Apesar desse ambiente econômico um pouco mais ameno e com perspectivas mais positivas em relação ao futuro de nossa economia, ainda precisamos esperar mais um pouco para comemorar.

Em relação ao Banco Central, novas reduções da SELIC dependerão tanto de fatores externos (manutenção do ambiente favorável às economias emergentes e da política monetária do banco central americano) como de fatores internos (o arrefecimento da inflação e a aprovação das medidas de ajustes fiscais).

Em relação ao Governo, é preciso que se manutenção de uma base sólida de apoio para que o processo de ajustes na economia continue e que as reformas sejam apreciadas, discutidas e votadas o mais rápido possível.
Em relação aos consumidores, é preciso que as famílias façam bom uso do tão esperado 13º salário, priorizando o pagamento de suas dívidas e, se possível, fazendo uma reserva para as contas de 2017.

Como diz o ditado: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

(*) Economista e diretor da Datamétrica.

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