Dicas Confira os cuidados necessários para adquirir um consórcio

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 14/08/2016 12:14 Atualizado em:

Todo cuidado é pouco para o consumidor que pensa em assumir compromissos de longo prazo na atual conjuntura. E a lógica não é diferente em relação aos consórcios. Por mais atrativo que seja concorrer a sorteios de carros, imóveis e eletrodomésticos e ser contemplado antes do fim do contrato, é imprescindível avaliar o orçamento doméstico e ver se realmente há espaço para as mensalidades. No caso de inadimplência ou de cancelamento dos planos, o que foi pago só será restituído depois de um longo período e com um bom desconto.

Por meio de um consórcio, o consumidor pode adquirir um bem, ou mesmo serviços, que não tem condições de pagar à vista. Ao ingressar no sistema, ele fará parte de um grupo. Todos os integrantes pagam, mensalmente, um valor específico certos de que, ao longo do tempo, terão o retorno esperado. Como o sistema funciona por meio de cotas, um vai financiando o outro. Assim, todos os meses, uma ou mais pessoas são contempladas por meio de sorteios, mas continuam honrando seus compromissos até o final.

Para administrar esses grupos, os responsáveis — bancos e seguradoras, principalmente — cobram uma série de taxas, que, no total, podem chegar a 20% do valor pago. Nos financiamentos, o bem é entregue no ato. Nos consórcios, podem demorar até seis anos. Não por acaso, a comparação entre um financiamento e um consórcio é sempre pertinente. Assim como as lojas e financeiras cobram juros nas prestações, os consórcios exigem taxas de administração. Portanto, o ideal é que se faça as contas para ver qual é a melhor alternativa.

Na opinião de Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), na atual conjuntura, com os juros nas alturas — a taxa média cobrada dos consumidores passa de 70% ao ano —, os consórcios podem ser uma boa opção. “É mais barato que o financiamento. Porém, o consumidor tem que saber que levará tempo para receber o bem”, alerta.

Para Ribeiro, independentemente de ser mais barato, o consumidor deve ficar atento para não interromper os pagamentos. “A situação econômica do país é preocupante. O desemprego está subindo e a inflação continua alta. Nesse ambiente, o consorciado corre o risco de não dar sequência ao plano. Mas se o consumidor estiver em uma situação profissional tranquila, com estabilidade no emprego, como ocorre no serviço público, o consórcio pode ser a alternativa mais barata”, avalia. Essa análise, entretanto, não é consensual entre especialistas.

Na opinião do presidente da Associação Nacional de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, o consórcio é uma boa forma de comprar um bem ou usufruir de serviços, mas para pessoas que não tem disciplina e organização financeira. “O grupo nada mais é do que uma maneira de terceirizar a administração do dinheiro. A administradora recebe as prestações e gerencia o dinheiro dos integrantes do grupo, e, em contrapartida, cobra taxas de administração”, afirma.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Alexandre Luiz dos Santos, não se pode associar consórcios a pessoas sem disciplina financeira. “O consórcio ajuda a formar uma poupança por meio de um determinado bem que se deseja”, diz. Ele reforça que as prestações nesse sistema são acessíveis e sobre elas não incidem juros. “O consórcio não é uma dívida, e sim, um investimento”, pontua.

O comerciante Ebson Bruno Raulino, 41, já participou de quatro consórcios e não reclama, sobretudo porque não consegue poupar espontaneamente. “Quem vive do comércio não tem condições de juntar dinheiro. Por isso, decidi participar de grupos de consórcio”, afirma. O último deles foi em 2014, para adquirir um carro. Ebson foi sorteado na metade do tempo que, teoricamente, teria que esperar. “Sozinho, não conseguiria juntar dinheiro para comprar o carro que desejava”, comenta.

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