Diario de Pernambuco
Busca
Tecnologia As mil e uma possibilidades das impressoras 3D Cada vez menores e mais baratas, máquinas que estão no mercado prometem uma transformação nos processos de produção

Por: Thatiana Pimentel

Publicado em: 24/07/2016 11:11 Atualizado em: 24/07/2016 13:04

Antônio Medeiros e Tatu, projeto de sucesso do Blackzebra Studio. Objetivo é conquistar clientes internacionais. Foto: Rafael Martins/Esp. DP
Antônio Medeiros e Tatu, projeto de sucesso do Blackzebra Studio. Objetivo é conquistar clientes internacionais. Foto: Rafael Martins/Esp. DP
O garoto Tatu, skatista que anda com seu inseparável iPod, é um projeto de sucesso do Blackzebra Studio, empresa de terceirização de arte com sede no Recife. Agora, Tatu será um boneco real, com possibilidade de comercialização. Este é o primeiro produto físico derivado de uma arte feito pelo Blackzebra e demonstra apenas uma das variadas aplicações das impressoras 3D. As máquinas, cada vez menores e mais baratas, prometem uma transformação nos processos de produção de indústrias e empreendimentos de qualquer tamanho. Em Pernambuco, as mudanças já começaram.

“Estamos na fase de testes, mas nosso objetivo é ampliar nosso mercado trazendo a arte dos games para colecionadores. É um novo produto. Compramos uma máquina 3D há pouco tempo, mas sabemos que várias artes têm potencial e podem ser trabalhadas em uma escala maior”, revela Antônio Medeiros, sócio fundador do estúdio. Com clientes como a Blizzard, Medeiros acredita que os protótipos têm maior potencial de conquistar grandes clientes, até internacionais. “Ter um produto em mãos já é uma boa forma de mostrar nossos modelos. Com a impressora, podemos fazer ajustes, trabalhar melhor o produto final e ainda expor de forma prática o nosso conceito”, completa.

A Blackzebra é apenas um exemplo da penetração das impressoras 3D no mercado pernambucano. Para a brasileira Cliever, fabricante das máquinas, o Nordeste representa 8% do volume de negócios da empresa e, na região, Pernambuco é o terceiro maior em representatividade, com 13% de participação. Estão à frente a Bahia (27%) e o Ceará (23%). Rodrigo Krug, o presidente da empresa, explica que o aumento dos usos e, consequentemente, das possibilidades da tecnologia de impressão 3D está relacionado aos preços das máquinas, que ficaram bem menores nos últimos meses.

“Já temos em nosso portfólio pequenas máquinas por R$ 5,8 mil, R$ 32 mil. Com elas, podemos explorar mercados iniciais, startups e até médias empresas. O custo de produção é muito pequeno e os setores são inúmeros. Com uma máquina é possível fazer teste de qualquer design, acessórios, objetos decorativos, peças automobilísticas e até próteses”, diz Krug. Para aumentar a penetração das máquinas, a Cliever está, inclusive, buscando parcerias com grandes indústrias locais e hospitais para pesquisas. “Temos interesse em parceiros no polo de Goiana, em Suape, no Porto Digital e no C.E.S.A.R. Queremos desenvolver novas possibilidades para essa tecnologia e sabemos que Pernambuco é o local certo para isso.”

Aplicação na construção de veículos

Celso Morassi, supervisor de modelação de Design Workshop da Fiat Chrysler Automobilies (FCA), adianta que a impressão 3D já é uma realidade na produção automobilística da empresa no Brasil e economiza tempo e dinheiro. “No Centro de Pesquisa & Desenvolvimento Giovanni Agnelli, na fábrica da FCA em Betim (MG), temos duas impressoras 3D, capazes de imprimir em 12 horas um modelo que, antes, poderia demorar alguns dias para ficar pronto. O modelo é impresso com grande precisão em náilon altamente resistente e leve, que pode ser livremente lixado e pintado, o que pode resultar numa peça em tamanho real visualmente idêntica à original que será produzida”, reforça.

Na área de protótipos, essas peças podem ser utilizadas em testes funcionais, facilitando, assim, a visão da peça final injetada. Segundo Morassi, a tecnologia 3D é revolucionária e vem conquistando novas aplicações. “A variedade de soluções desenvolvidas por meio da impressão 3D pode ser imensa.” E a Fiat afirma ainda que é possível que a fábrica de Pernambuco, em Goiana, Zona da Mata Norte, venha utilizar as máquinas na produção local também. O uso, porém, está em análise e não tem previsão.

Para Jacques Barcia, consultor de tendências do Porto Digital, a tecnologia 3D será o componente essencial para a manufatura aditiva ou indústria 4.0, que utiliza prototipagem rápida, automação e comunicação entre as máquinas nos processos produtivos. “É um caminho sem volta. A máquina 3D, em alguns anos, talvez dez, será tão comum quanto as impressoras a laser de hoje. A fase de testes, inclusive, já passou. Hoje a fabricação digital é uma realidade. Todos os setores que precisam de protótipos vão se beneficiar. Aqui em Pernambuco, já temos visto usos em escritórios de design, arquitetura, hospitais, para próteses de ossos, além dos laboratórios como o LOUCO e o FabLab, que tornam o uso uma possibilidade bem mais barata.”

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL