Crise Penhor teve aumento de 40% nos três primeiros meses do ano em PE A modalidade de crédito não exige comprovação de renda, nem faz pesquisas no SPC ou Serasa

Por: Mayara Ezequiel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/04/2016 07:43 Atualizado em: 28/04/2016 15:50

Há mais de 30 anos, Albertina Duarte, aposentada, usa o penhor nos momentos de aperto financeiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Há mais de 30 anos, Albertina Duarte, aposentada, usa o penhor nos momentos de aperto financeiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Nem as joias e objetos de valor escaparam dos efeitos da crise econômica. Em meio ao cenário de desemprego e inadimplência em alta, a procura pelo penhor em Pernambuco foi 40% maior nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período ano passado. Forma de empréstimo em que o cliente disponibiliza um objeto valioso como garantia do dinheiro emprestado, o penhor não exige comprovação de renda, nem faz pesquisas no SPC ou Serasa.

De acordo com Paulo Nery, superintendente regional da Caixa Econômica Federal, as facilidades do serviço podem ser a causa do aumento na procura e adesão. “O cliente só precisa trazer o objeto e os documentos (carteira de identidade, CPF e comprovante de residência). Depois da avaliação ele já sai com o dinheiro em mãos e a taxa de juros é de 1,93% ao mês”, explica.
Há mais de 30 anos, Albertina Duarte, aposentada, usa o penhor nos momentos de aperto financeiro. Para ela, é a forma mais viável de conseguir um dinheiro emprestado. “Sempre que preciso vou lá, penhoro alguma joia e, quando a situação financeira melhora, eu resgato”, conta. 

A aposentada conta que nos últimos quatro anos percebeu um aumento na taxa de juros e a renovação do serviço está demorando um pouco mais. Ainda assim, continua sendo mais vantajoso para ela do que outras formas de empréstimo. 

Silvana Araújo, também aposentada, aprendeu com a família a penhorar objetos. Segundo ela, a principal vantagem é o juro menor do que em outras formas como cheque especial ou empréstimo consignado, por exemplo. “É só se organizar. Eu penhoro e, com 30 dias, se eu não tiver o valor total para pagar, posso renovar o serviço por mais dias. Posso sim pagar as dívidas e pegar a joia de volta”, diz.

O penhor possui duas modalidades de empréstimo. Na primeira, o pagamento é feito em parcela única e o cliente escolhe de um a 180 dias para liquidar o empréstimo. Essa modalidade aceita ser renovada sem limite de quantidade. Na segunda possibilidade, o cliente vai liquidar o empréstimo de forma parcelada, pagando, no mínimo, R$ 50 por parcela em até 60 vezes. 

Os objetos aceitos pela Caixa Econômica são joias, moedas, relógios; confeccionados em ouro, ouro branco, platina, com ou sem pedras preciosas, sendo o diamante (brilhante) a única pedra preciosa com valor atribuído. No caso de relógios de alta categoria, a exemplo de Rolex, Hublot, Piaget, Omega, Patek Phillipe, entre outros, estes devem ir abertos para a avaliação. Lá, será feito um exame da autenticidade do maquinário pelo avaliador.

Para solicitar o serviço, o cliente não precisa ser correntista da Caixa. De acordo com Nery, três agências estão aptas para fazer o procedimento: a do Cais do Apolo, a do Aeroporto e a agência Marcos Freire, em Olinda. Em Pernambuco, no período de março de 2015 a março de 2016, o banco registrou um aumento de 15,2 % no valor aplicado em penhor, chegando a R$ 36,45 milhões.


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