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Observatório Econômico Os sonhos de crescimento

Publicado em: 20/03/2016 08:00 Atualizado em: 08/04/2016 23:02

Alexandre Rands é economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Alexandre Rands é economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação

Por Alexandre Rands*

O que deve acontecer com os sonhos de crescimento acelerado da economia pernambucana nos próximos anos? Serão frustrados?

A economia de Pernambuco nos últimos anos cresceu mais do que a brasileira e a nordestina. Entre 2004 e 2012, o PIB de Pernambuco cresceu 50%, enquanto o brasileiro cresceu 27% e o do Nordeste atingiu a marca de 36%. Essas estatísticas foram largamente propagadas pelas nossas lideranças políticas e econômicas e colocaram a popularidade de nossos governantes nas alturas. Pernambuco era visto como beneficiário de um novo milagre econômico. Os mais ufanistas acreditavam que poderíamos recuperar nossos tempos de glória da época do Brasil Colônia, quando éramos um dos principais líderes econômicos nacionais. Recentemente esse sonho vem sendo frustrado por taxas de crescimento inferiores à média nacional. Estima-se que o PIB de Pernambuco encolheu 5% em 2015, enquanto o do Brasil contraiu apenas 3,85%. Previsões para 2016 são que o estado novamente encolha mais que o Brasil, que deve repetir o baixo desempenho do ano. Ou seja, Pernambuco deverá novamente ter crescimento negativo superior a 4% em 2016.

Quando se falava de retomada econômica de Pernambuco, sempre se atribuía tal desempenho às grandes obras que beneficiavam nosso estado, sendo a refinaria Abreu e Lima a principal delas, mas também se enfatizava a fábrica da Fiat, os estaleiros, a Transnordestina, a Transposição do São Francisco e a Hemobrás, entre outros. Os investimentos com controle privado tiveram suas implementações efetivadas (fábrica da Fiat, o estaleiro Atlântico Sul e as fábricas da Sadia e Perdigão). Apesar dessa conclusão parcial dos sonhos pernambucanos, os resultados recentes parecem contradizer as previsões. Diante disso, cabe perguntar se errávamos nas previsões, houve mudanças que as reverteram, ou apenas tivemos os sonhos adiados?

A resposta é que parte do sonho foi apenas adiada, mas outra parte foi frustrada. A não conclusão de alguns projetos envolvendo o setor público, como a Refinaria, a expansão do polo petroquímico, a Hemobrás, a Transnordestina e a Transposição, certamente reduziu a perspectiva de impacto econômico desses empreendimentos. Frustrações nas demandas dos estaleiros (falência da Sete Brasil) também reduziram o poder de impacto dessas empresas. Entretanto, parte dos impactos positivos dos grandes empreendimentos deve ser sentida quando a economia brasileira voltar a crescer. As atrações de empresas privadas para o polo petroquímico e de sistemistas para Goiana ainda devem ocorrer, mas só após a economia brasileira retomar o crescimento. Ou seja, há ainda perspectivas de crescimento de Pernambuco superior aos níveis nacionais por vários anos após a retomada, mas os impactos não deverão atingir os níveis que se esperava antes. Obviamente, jamais atingirão os níveis que ufanistas acreditavam, pois Pernambuco, tendo o PIB representando algo próximo a 2,5% do brasileiro, não deveria passar dos 3,5%. Ou seja, sequer viraríamos uma Bahia, quanto mais pensar em fazer frente aos estados maiores do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

* Economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco



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