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Observatório econômico Pernambuco em 2015 e perspectiva para 2016

Publicado em: 07/03/2016 20:00 Atualizado em: 01/04/2016 19:29

Alexandre Rands é Economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco. Foto: Arquivo/DP
Alexandre Rands é Economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco. Foto: Arquivo/DP

Por Alexandre Rands*

As estatísticas de desempenho econômico anual em 2015, publicadas essa semana pelo IBGE, mostraram um encolhimento de 3,8% do PIB nacional. Desde 1900 que os dados de nosso PIB só tinham atingido tal desempenho negativo duas vezes, em 1981 e 1990, sendo eles 4,25% e 4,35%, respectivamente. Nos seis anos da presidente Dilma até 2016, caso as previsões para esse ano se confirmem, o PIB terá encolhido 1,5%. O PIB per capita terá encolhido 8,83%. Ou seja, estamos vivendo um dos maiores desastres econômicos de nossa história. Apesar de o Governo Federal continuar insistindo que tal catástrofe decorre da crise internacional, todas as evidências indicam que as causas da crise são internas e foram geradas pela má condução da política econômica nos últimos anos.

A situação de Pernambuco no último ano foi ainda pior. Até setembro, os dados da PNAD contínua do IBGE indicam um encolhimento da massa salarial real efetivamente recebida de 7,15%, comparado a 0,67% no Nordeste e pequena expansão de 0,45% no Brasil. Apesar de não haver dados disponíveis para o último trimestre, as evidências indicam que essa situação se agravou ainda mais e Pernambuco continuou com desempenho negativo ampliado. Outros dados de arrecadação fiscal e desemprego confirmam essa pior performance relativa de nosso estado. Diante desse quadro e do papel do Governo Federal na contração nacional, cabe questionar o que causou essa exacerbação do desastre econômico no nosso estado.

Antes da crise Dilma Rousseff, Pernambuco era um dos estados que mais crescia no Brasil. Vivemos vários anos de euforia econômica, que foi muito puxada pelos investimentos aqui realizados. Ou seja, o PIB do estado estava excessivamente concentrado em investimentos nos últimos anos. Quando se observa as estatísticas de crescimento do PIB brasileiro em 2015, percebe-se que o investimento foi o componente que mais se retraiu, tendo encolhido 14,1% em 2015 e 4,5% já em 2014. Como consequência, os estados que tinham uma maior concentração de valor agregado nessa parte do PIB naturalmente tendem a ser aqueles com pior desempenho econômico. Pernambuco destaca-se entre eles. O papel dos investimentos na economia estadual é bem conhecido dos pernambucanos. Construções de plantas industriais importantes, assim como expansões de infraestrutura fizeram parte da paisagem do estado nos últimos anos.

A eventual recuperação nacional deverá ser puxada por dois componentes importantes de demanda, as exportações líquidas (exportações menos importações, o que inclui a substituição de importações) e os investimentos, que serão necessários para ajustar a economia para a nova estrutura de produção (com um setor externo maior). O setor público deverá continuar a encolher e por tal não deverá ser uma fonte de demanda importante na recuperação. O consumo, por sua vez, deverá ficar a reboque das outras fontes de demanda. Entretanto, tal recuperação deverá se efetivar somente no final de 2016 ou no início de 2017, e mesmo assim de forma lenta, principalmente se a atual presidente continuar a postos. Como produtivamente somos menos voltados para investimentos e demorará um pouco para a retomada dos investimentos fortes em PE, deveremos demorar a retomar nosso crescimento.

*Economista, Presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco



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