Observatório econômico Como vai seu orçamento?

Publicado em: 14/03/2016 08:00 Atualizado em: 01/04/2016 19:32

André Matos Magalhães é Professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
André Matos Magalhães é Professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
Por André Matos Magalhães*

O cenário econômico não é claro. Sabemos que estamos em um momento ruim: queda de quase 4% no PIB real em 2015, desemprego subindo, inflação em alta. Isso tudo pode mudar, a depender da situação política do país. O momento é tão estranho que a eventual queda do atual governo melhora o humor do mercado e as perspectivas econômicas. Faz sentido? Talvez sim, talvez não.

Ninguém tem dúvida que estamos vivendo tempos difíceis. O cenário político é, no mínimo, confuso. Os especialistas não conseguem nem responder, por exemplo, se a continuidade do governo é boa ou ruim para o país. Perguntas simples, acredito, que em tempos de normalidade não estariam em pauta.

O cenário econômico, por outro lado, também não é claro. Sabemos que estamos em um lugar ruim: queda de quase 4% no PIB real em 2015, desemprego subindo, inflação em alta, dólar em alta, etc. etc., etc. Sobram fatos ruins e faltam fatos positivos no momento e ao que tudo indica, 2016 também será um ano perdido em termos de crescimento. De acordo como boletim Focus, do Banco Central, a expectativa do mercado é de outra redução de mais de 3% do PIB real.

Mas nem tudo é tão simples assim! Isso tudo pode mudar, a depender da situação política do País. O momento é tão estranho que a eventual queda do atual governo melhora o humor do mercado e as perspectivas econômicas. Faz sentido? Talvez sim, talvez não. Uma questão que me parece importante é o que você, eu e outros brasileiros, que não estão no centro desse jogo, podem esperar, ou mesmo fazer enquanto o cenário não fica mais claro?

O primeiro ponto talvez seja lembrar que as crises não são para sempre (é o que mostra a história da economia mundo afora) e perceber que em algum momento as coisas vão melhorar. Não será em 2016, é fato. O segundo ponto é organizar a sua vida e de sua família. A crise atinge as pessoas de forma distinta. Será muito mais difícil para quem perder o emprego, sem dúvida. Mas não será fácil para quem não controlar os gastos domésticos e se adequar ao cenário de inflação mais alta.

Como dizem por aí, as crises também geram oportunidades! Isso não é verdade para todos, mas podemos usar esses momentos para reorganizar as coisas, rever as prioridades, os gastos, ou seja, nos preparar para o momento difícil e para ficar bem no futuro. Proponho um exercício aparentemente simples para fazer as despesas caberem no seu orçamento: 1)Sente e anote os seus gastos; 2) Analise para onde o dinheiro está indo; 3) Repense, em família, quais devem ser as prioridades; 4) Identifique oportunidades de cortes e reduções de despesa; 5) Corte o que não é essencial; 6) Caso ainda não esteja adequado, repita os passos 3 a 5, talvez cortando um pouco do que é essencial também.

É claro que você vai perceber que o exercício não é simples, mas talvez seja mais do que necessário. Cortar gastos é uma tarefa difícil. Adiar isso pode ser pior. Quando a renda vai sendo reduzida, seja pela inflação ou algo pior (perda de emprego ou clientes) esse caminho passa a ser fundamental para a sua saúde, e não apenas financeira. Você estará em condições muito melhores quando a primavera (2017) chegar.

*Professor do Departamento de Economia da UFPE

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