Negócios Mercado de casamentos se adapta à crise e permanece em alta Setor registrou aumento de R$ 25% em 2015, movimentando R$ 16 bilhões, segundo a Abeoc. Pernambuco acompanha crescimento

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 17/03/2016 12:50 Atualizado em: 17/03/2016 13:55

Para chegar a um valor compatível com o que os noivos desejam, as empresas têm procurado se adaptar ao cenário econômico instável através de capacitação de profissionais e serviços. Foto: Central de Noivas & Eventos/Divulgação
Para chegar a um valor compatível com o que os noivos desejam, as empresas têm procurado se adaptar ao cenário econômico instável através de capacitação de profissionais e serviços. Foto: Central de Noivas & Eventos/Divulgação

Dizer que casamento está fora de moda no Brasil definitivamente não está na moda. Um dos setores que mais movimenta a economia brasileira não tem encontrado barreiras para movimentar as cifras. Ao menos do ponto de vista técnico, o cenário mostra um fenômeno comum em momentos de turbulência financeira, o da adaptação ao orçamento apertado por noivas e noivos. Traduzindo, o planejamento mudou e, agora, o que seria gasto antes na festa passou a ser revisto como forma de economizar e não deixar o sonho de lado.  

Para se ter uma ideia do quanto se casa no Brasil, basta observar as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A mais recente mostrou um total de 1.106.440 casamentos em 2014. Mesmo considerando que a quantidade de divórcios superou as uniões, cujos dados de 2014, divulgados em novembro de 2015, apontaram que o Brasil registrou 341,1 mil divórcios em 2014, ante 130,5 mil registros em 2004. O salto foi de 161,4% em dez anos e consta na pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2014, divulgada anualmente pelo IBGE.

Mas apesar das separações dominarem o panorama, os casamentos continuam em alta. Em Pernambuco, a elevação é constante. A mesma pesquisa Estatísticas do Registro Civil mostrou que em 2014 ocorreram 52.846 casamentos no estado, sendo 9.373 no Recife. Para dar conta de tantas uniões, cerca de 1,1 mil empresas atuam no mercado local, movimentando cifras consideráveis mesmo diante de uma crise econômica cuja inflação em dois dígitos encarece todo o projeto.

Cruzamento de serviços

Saídas para gastar menos? Parcerias, na avaliação de empreendedores do mercado. A Central de Noivas & Eventos, localizada no bairro de Afogados, Zona Sul da capital pernambucana, é umas empresas que está enfrentando a instabilidade na economia brasileira agregando serviços diversos com orçamentos que cabem nos bolsos dos futuros cônjuges. A empresa investiu cerca de R$ 60 mil no novo espaço, que semanalmente reúne segmentos variados de eventos.

“É uma aposta diferenciada que encontramos para agregar serviços de qualidade e ao mesmo tempo orçamentos compatíveis com os interessados em casar. A central reúne inúmeros serviços, como assessoria, cerimonial, buffet, orquestra, som e iluminação, convites, roupas, lista de presentes, bolo, maquiagem, filmagem e fotografia, transporte, entre outros, com preços diferentes dos praticados no mercado”, explica Flavyanne Lira, empresária e coordenadora-geral da Central.

Adaptar-se ao momento econômico atual, aliás, tem sido a regra básica dos interessados em casar. “Independente da crise, é um mercado forte. Entre 2013 e 2016, o crescimento foi de 25%, movimentando cerca de R$ 16 bilhões em todo o Brasil. Hoje, os fornecedores de serviços preferem manter preços sem acompanhar tanto o ritmo da inflação e oferecer vantagens a quem vai casar. Empresas sem conhecimento do mercado tendem a ser eliminadas”, pontua Graça Kurylo, diretora de eventos sociais da Abeoc.

Entre 2013 e 2016, o crescimento no setor de casamentos foi de 25%, movimentando cerca de R$ 16 bilhões em todo o Brasil. Foto: Central de Noivas & Eventos/Divulgação
Entre 2013 e 2016, o crescimento no setor de casamentos foi de 25%, movimentando cerca de R$ 16 bilhões em todo o Brasil. Foto: Central de Noivas & Eventos/Divulgação

No ano passado, a Associação Brasileira de Eventos Sociais (Abrafesta) divulgou uma pesquisa do setor, denominada “O Mercado de Eventos Sociais: indicadores sobre a oferta e a demanda”, elaborada pelo Instituto Data Popular, cujo estudo comprovou as mesmas cifras apontadas pela Abeoc e detectou que o número de casamentos já ultrapassaram a marca de um milhão por ano no Brasil. Pelo material coletado, a Região Sudeste foi respondeu por metade dos gastos com festas e cerimônia, com R$ 8,6 bilhões, seguida pelo Nordeste (R$ 3 bilhões), Sul (R$ 2,9 bilhões), Centro-Oeste (R$ 1,3 bilhão) e Norte (R$ 1 bilhão).

Orçamentos flexíveis
Para chegar a um valor compatível com o que os noivos dispõem, as empresas têm procurado se adaptar ao cenário econômico instável através de capacitação de profissionais e serviços, junto a órgãos como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e formalização por meio do Microempreendedor Individual (MEI). O resultado disso é a flexibilização nos orçamentos fechados.

A tradicional demanda por casamentos nos fins de semana, inclusive, tem ajudado no consenso entre as partes contratadas. “Um casamento realizado durante a semana pode ser 50% mais barato, com a mesma qualidade de serviços que o programado para um sábado ou domingo. Temos exemplos de orçamento de R$ 8 mil para 50 convidados ou R$ 26,9 mil para 120. Tudo depende do que os noivos desejam e das parcerias com as empresas”, esclarece Flavyanne Lira.

Na Central de Noivas & Eventos, segundo a empresária, são cerca de 40 empresas cadastradas que oferecem descontos ou serviços aos novos pacotes com valores atrativos. Para fazer parte do grupo, que semanalmente realiza encontros gratuitos para apresentar novas tendências do mercado e fechar contratos, a empresa interessada paga uma taxa mensal de R$ 260. O compromisso profissional com os noivos envolve, ainda, o sorteio de um presente especial.

“As boas empresas permanecem firmes no mercado pelo fato de que para elas é vantajoso negociar com os clientes e manter o setor aquecido. Adaptação ao orçamento tem sido uma boa saída para os pretendentes. Até mesmo o calendário pode mudar tudo, já que em fins de semana os valores são bem maiores”, destaca Graça Kurylo. “”A Central tem a vantagem de oferecer aos noivos a chance de visitar um local com todos os serviços e profissionais no mesmo local, economizando até mesmo tempo”, completa Flavyanne.  



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