Câmbio Queda do dólar favorece pessoas que pretendem viajar Recuperação mais lenta nos EUA desvalorizou a divisa em diversas partes do mundo. Cotação no Brasil é a menor desde 29 de dezembro

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 05/02/2016 08:03 Atualizado em:

Para quem está com viagem marcada para o exterior, a hora de comprar dólares pode ser agora. Depois de se valorizar 47% no ano passado, a moeda norte-americana acumula perdas de 1,37% este ano. Nesta quinta-feira, a divisa recuou 0,61%, vendida a R$ 3,894, o menor valor desde 29 de dezembro de 2015, quando foi cotada em R$ 3,877. Em fevereiro, o dólar já caiu 3,24%. “Está num bom preço e não vai cair muito mais, sobretudo porque o Congresso Nacional retomou os trabalhos e vem confusão política pela frente, o que provoca a alta do dólar”, alertou o economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo.

Para os especialistas, os bons ventos que embalaram a valorização do real vêm de longe. “O cenário externo foi responsável pela queda do dólar, que está se desvalorizando frente a várias moedas”, explicou Fernando Barroso, analista da CM Capital. O movimento de fevereiro interrompe uma sequência de 18 meses de fortalecimento da divisa dos Estados Unidos. Nesse período, o dólar avançou 21% ante o euro, 15% contra o iene, 72% frente ao real e 117% sobre o rublo russo.

“O comportamento da moeda americana nesta semana foi global, e o Brasil se beneficiou. Essa queda generalizada está relacionada aos últimos indicadores dos Estados Unidos, que apontam o enfraquecimento da recuperação da maior economia do mundo”, assinalou Newton Rosa, economista-chefe da Sulamérica Investimentos.

Para o economista-sênior do Banco Haitong, Flavio Serrado, tem ocorrido uma mudança de percepção em relação à recuperação dos EUA. “O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) mostrou que está mais cauteloso em mexer na política monetária. Os juros americanos estão entre 0,25% e 0,50% e esperava-se, antes, que pudessem subir até 1,25% em 2016. Agora, o mercado especula que a próxima alta, se houver, não deve passar de 0,25 ponto percentual, estacionando por aí”, observou. Como é a maior economia do mundo, quanto mais altos os juros dos Estados Unidos mais os investidores migram para lá, fortalecendo o dólar.

O caminho inverso, no entanto, derruba a moeda. “Há outro fenômeno que está provocando a valorização do real frente ao dólar, chamado carry trade, uma operação na qual o investidor pega dinheiro em países que estão com taxas baixas, aplica em dólares e depois troca por reais, investindo em títulos do Tesouro, que estão com taxas bastante altas”, explicou Barroso, analista da CM Capital. Essa troca de dólar por real desvaloriza o câmbio.

“O carry trade é uma operação típica de arbitragem, na qual o mercado aproveita o desalinhamento de preços para tirar vantagem e acaba provocando um ajuste natural”, esclareceu Barroso. Isso se acentuou, emendou o analista, por conta da sinalização do Fed de que pode sequer aumentar os juros norte-americanos este ano e do anúncio do Japão, que fixou uma taxa negativa de 0,1% para estimular o consumo interno.


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