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Turistas de Recife preferem viajar sozinhos pelo Brasil, aponta MTur
Sondagem do Consumidor, encomendada pelo Ministério do Turismo, mostrou que 51% dos turistas recifenses preferem se aventurar desacompanhados
Publicado: 11/01/2016 às 14:15

Thiago Chaves gosta de viajar sozinho e aproveita as promoções de companhias aéreas para comprar bilhetes com preços mais baixos. Foto: Roberto Ramos/DP/

Sozinhos, conhecendo pessoas pelos destinos ou indo encontrar conhecidos e familiares em vários destinos brasileiros. Este é o perfil do turista recifense que têm optado, cada vez mais, por viajar desacompanhado. Pode parecer estranho, afinal é grande o volume de pessoas viajando acompanhadas. Mas a conclusão é fruto da Sondagem do Consumidor - Intenção de Viagem, encomendada pelo Ministério do Turismo (MTur), em dezembro de 2015, na qual 51% dos recifenses informaram a intenção de se aventurar sozinhos.
Realizado todos os meses com a entrevista de duas mil pessoas nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, que juntas representam 70% do fluxo turístico do Brasil, o índice na capital pernambucana ficou bem superior à média nacional, de 12,2%. A opção, na análise do ministério, representa um crescimento de 32,3% em relação a dezembro de 2014, quando o indicador apontou que apenas 18,7% dos recifenses preferiam viajar sozinhos. O índice foi o maior entre as sete capitais monitoradas pelo estudo, segundo a pasta. Confira a sondagem completa.
O advogado Thiago Chaves, de 27 anos, se encaixa nessa categoria de viajantes. Com visita a países como Estados Unidos, Espanha, França e Japão, o currículo dele também mostra presença em dez estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Paraíba e Alagoas, além do Distrito Federal. Seja trabalhando ou se divertindo, Thiago explica as vantagens de viajar desacompanhado.
“Você se permite conhecer novas pessoas, fazer amigos e escolher programas que muita gente não tem o mesmo interesse. Às vezes, eu planejo com antecedência, mas em outras aproveito as promoções das companhias aéreas e faço meu roteiro, já que minha profissão permite uma certa flexibilidade”, conta. “Viajei para fora pela primeira vez aos 14 anos, para a Disney, e de lá pra cá tomei gosto por viajar, a trabalho ou por diversão”, ressalta.
O estudo do MTur também avaliou a preferência dos viajantes na questão da hospedagem. Os do Recife aparecem em segundo lugar, entre as cidades pesquisadas, como os que mais utilizam hotéis ou pousadas como meio de hospedagem. A forma tradicional de hospedagem foi citada por 67,4% dos entrevistados da capital pernambucana, ficando atrás apenas de Salvador (68%). Para 27,2%, a casa de parentes e amigos é a opção de estadia.
Neste caso, Thiago Chaves é uma exceção à pesquisa. Ele prefere os albergues e pousadas. “Utilizei muito o site Couchsurfing, mas por questões de segurança mudei a estratégia e passei a recorrer a pousadas e albergues. Além de oferecerem um preço mais em conta, você pode encontrar pessoas do mundo inteiro que têm espírito mais aventureiro. Algumas vezes fico hospedado na casa de conhecidos ou amigos, mas é difícil”, explicou.
Para José Francisco de Salles Lopes, diretor de estudos econômicos e pesquisas do Mtur, os dados da sondagem podem se alterar a cada mês, embora ele reconheça que os percentuais têm uma tendência bastante indicativa do cenário turístico. “As alterações nos índices podem mudar mensalmente devido à sazonalidade. Em alguns casos, como este do Recife, é um item pontual. Há meses, como dezembro, em que as pessoas viajam mais. Mas a sondagem é um reflexo de mercado que nos oferece a chance de analisar a infraestrutura e os serviços nos locais pesquisados, junto à iniciativa privada”, pontuou Lopes.
“O brasileiro está cada vez mais interessado em conhecer as belezas e encantos do nosso país e esse estudo comprova essa tendência que vem sendo liderada pelos mais jovens. Eles estão redescobrindo o Brasil e isso deve ser celebrado”, avaliou o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.
Transportes
Ônibus, carro, avião, navio? Na hora de escolher o meio de transporte para viajar, os recifeneses estão acompanhando também o fluxo do mercado, que tem apresentado nos últimos anos uma procura maior pelas viagens aéreas. Na sondagem do Mtur, 60,6% dos entrevistados informaram que as próximas viagens deverão ser feitas voando, enquanto 39,4% deverão utilizar o carro. Nenhum dos entrevistados informou ter interesse de realizar as próximas viagens de ônibus. Sobre viagens de navio, a pasta não forneceu dados.
“Eu geralmente viajo em baixa estação. Dependendo do destino, o que encarece a viagem é a passagem, daí a importância de você pesquisar. O Recife é uma cidade estratégica e várias companhias aéreas operam nesta rota. Em fevereiro, irei a Natal e paguei R$ 149, ida e volta, com as taxas de embarque. De ônibus, cuja viagem dura entre quatro e cinco horas, gastaria R$ 160. Não compensa. Hoje você pode pagar passagens com cartão de crédito e até boleto bancário. É mais prático, rápido e confortável”, completou Thiago Chaves.
Nível nacional
De acordo com o estudo, os destinos nacionais lideram a intenção de viagem de 86,4% dos turistas brasileiros que já demonstraram a intenção de viajar nos próximos seis meses. O índice é o maior dos últimos dez anos, de acordo com o ministério. Para os viajantes, as regiões Nordeste (36,9%) e Sudeste (36,8%) serão as mais procuradas, seguidas do Sul (17,3%), Centro-Oeste (6,4%) e Norte (2,6%). Os turistas com até 35 anos são os que mais demonstraram interesse pelas belezas brasileiras, com 88,9% da intenção. Logo atrás, aparecem os viajantes entre 35 e 60 anos (82,7%) e com mais de 60 anos (70%).
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