Após prisão André Esteves pode perder BTG Mercado especula que a parte do banqueiro será comprada por sócios ou vendida a outra instituição financeira

Por: Antonio Temóteo

Publicado em: 27/11/2015 08:29 Atualizado em:

As especulações sobre o futuro de André Esteves no BTG Pactual dominaram o mercado. Os rumores são de que os sócios do banco de investimentos podem se unir para comprar a parte do banqueiro preso na 21ª fase da Operação Lava-Jato, acusado de tentar obstruir as investigações. Outro boato é que a instituição financeira poderia ser vendida ao Bradesco ou ao banco suíço UBS. Em meio ao momento conturbado, as ações do BTG fecharam em queda de 2,86%, no pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Na última quarta-feira, os papéis da companhia perderam 21% do valor de mercado.

Para piorar a situação, a agência de classificação de risco Fitch anunciou que pode rebaixar a nota do banco de investimentos e de suas subsidiárias, após a prisão de Esteves, que era presidente e principal acionista do BTG. Em comunicado, a agência afirmou que a decisão reflete o risco de impacto financeiro e sobre os negócios que causaram a prisão do banqueiro. Para a Fitch, os fundos e o desempenho da instituição poderão ser prejudicados. “A empresa já nomeou Pérsio Árido como presidente interino, mas a Fitch reconhece a importância de Esteves como um presidente ativo e carismático, que supervisiona as operações e expansão do banco, o que gera incerteza quanto a uma sucessão tranquila, se ela for necessária”, detalhou.

Após a prisão do executivo, o estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, anunciou que deve demitir 2 mil funcionários até dezembro. A empresa constrói sondas para Sete Brasil, empresa da qual o BTG é sócio. A decisão do estaleiro agrava a desconfiança quanto a possibilidade de salvação da companhia, já que Esteves era o responsável por negociar com os credores a reestruturação da dívida de US$ 3,6 bilhões da Sete Brasil. Também ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de liberdade do banqueiro, o que aumentou os rumores sobre o futuro dele no BTG.

Depoimento
Em depoimento na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o banqueiro disse conhecer o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, “apenas institucionalmente”. Segundo ele, os dois se encontraram cinco vezes, sendo a última na sede do BTG, em São Paulo. No depoimento, o dono do banco de investimentos afirmou que em todas as ocasiões conversou com o parlamentar sobre a situação econômica do país e a possível adoção recriação da CPMF para reequilibrar as contas públicas.

O analista João Augusto Salles, da Consultoria Lopes Filho, afirmou que a venda do Pactual seria um plano B, não a principal opção estratégica. “É um banco de grande porte, que se sustenta sozinho, ainda que o presidente esteja preso”, afirmou. “O que pode mudar é ser menos ousado, apostar menos na expansão internacional, por exemplo”, comentou. Na opinião de Salles, um sinal da robustez do banco é que ao oferecer R$ 40 bilhões em um programa de recompra de ações mostra que tem liquidez.

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