Paralisação Greve dos bancários deve ganhar força Adesão nas agências do sistema privado foi de 30% e de 70% na Caixa Econômica e Banco do Brasil, de acordo com o comando de greve no estado

Por: Pedro Maximino - Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/10/2015 08:50 Atualizado em: 07/10/2015 09:04

Com a greve sem previsão para acabar, os consumidores devem se atentar às datas de pagamento de faturas, boletos bancários e outras cobranças. Foto: Bancários de Pernambuco/Divulgação
Com a greve sem previsão para acabar, os consumidores devem se atentar às datas de pagamento de faturas, boletos bancários e outras cobranças. Foto: Bancários de Pernambuco/Divulgação
A greve dos bancários, deflagrada nacionalmente ontem, teve início morno no Recife, mas deve ganhar força durante a semana. A reportagem do Diario esteve em várias agências bancárias na área central do Recife e constatou que não houve tumulto, embora algumas pessoas tenham sido pegas de surpresa pela mobilização.

Segundo o Sindicato dos Bancários, 70% dos 314 bancos públicos do estado e 30% dos 306 privados aderiram à paralisação. Em algumas cidades, como Gravatá, Bonito, Vitória de Santo Antão e Cabo todas as agências ficaram fechadas. Suzineide Rodrigues, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, disse que a meta do sindicato é que nenhuma agência de Pernambuco esteja funcionando até a próxima sexta-feira.

Nas agências da Caixa Econômica Federal dos bairros de Santo Antônio e da Boa Vista, apenas operações via caixa eletrônico estavam disponíveis. Avisos indicando o início da greve foram colados nas portas e, no interior, funcionários prestavam auxílio a quem precisava operar o caixa. O mesmo aconteceu na agência do Banco do Nordeste da Avenida Agamenon Magalhães. Lá, os clientes foram orientados a procurar alternativas por telefone, já que no local só era possível atendimento via caixa eletrônico.

No bairro de São José, a agência do Banco do Brasil também disponibilizou apenas o atendimento automático, mas nenhum aviso foi colocado. Também não havia funcionários para auxiliar os clientes. A situação era bem diferente nas agências Itaú e Bradesco da Avenida Conde da Boa Vista, onde não havia paralisação. Os clientes eram atendidos normalmente pelos bancários. “Aqui não está tendo greve, as operações seguem como de costume”, disse um funcionário do banco.

O Comando Nacional dos Bancários anunciou a greve na última quinta-feira, mas ainda assim algumas pessoas só souberam da paralisação quando chegaram na agência. A aposentada Marcelha Virgínia foi até a Caixa tentar enviar dinheiro para a filha que está no exterior. “Eu vim aqui ontem, e o bancário que me atendeu pediu que eu voltasse hoje. Voltei e está tudo fechado”, reclamou. O carpinteiro José Pedro também foi até a agência e saiu de lá frustrado. “Tenho um cartão pela Caixa e estou precisando tirar dinheiro, mas é só lá dentro (na área de atendimento ao público).”

Pagamentos
Com a greve sem previsão para acabar, os consumidores devem se atentar às datas de pagamento de faturas, boletos bancários e outras cobranças. Embora a greve não isente o consumidor de pagar as contas, a empresa credora tem que oferecer outras formas e locais para que os pagamentos sejam efetuados.

Para não ser cobrado de encargos (juros e multa), a recomendação é que o consumidor entre em contato com a empresa e peça opções de formas e locais para pagamento. O consumidor deve documente o pedido, com cópia de e-mail ou anote o número de protocolo de atendimento. Assim, caso o fornecedor não atenda à tentativa de quitação, o consumidor pode reclamar ao Procon.

Sindicato
Para o sindicato que representa a categoria, a paralisação em Pernambuco começou forte. O destaque ficou por conta do interior do estado. Mesmo nas cidades mais distantes do Recife, os bancários mostraram que são bons de mobilização e aderiram à greve, inclusive na rede privada, segundo a direção do sindicato.

Para dar visibilidade à greve, o órgão realizou atos na frente do Banco do Brasil da Avenida Rio Branco e das agências de Boa Viagem, Piedade e Candeias. As atividades em todos os bancos desses três bairros foram paralisadas. A expectativa do Sindicato é de que a greve em Pernambuco cresça nos próximos dias e atinja 100% de adesão até o final desta semana.

Suzineide Rodrigues disse que o primeiro dia de paralisação foi “bastante positivo”, com a adesão da maior parte dos 12 mil bancários do estado. “Já temos uma greve ampla. A paralisação está no mesmo patamar do ano passado. Nosso objetivo é, a cada dia, convencer mais bancários da importância de aderir ao movimento”, afirma.

A dirigente destacou que o objetivo do Sindicato é construir uma forte greve para que ela seja a mais breve possível. “Temos de pressionar os bancos para garantir que nossas reivindicações sejam atendidas rapidamente. Uma greve curta interessa tanto aos bancários quanto à população. Por isso é tão importante uma adesão forte da categoria e o apoio dos clientes. Só assim será possível iniciar um diálogo com os bancos em direção a um acordo”, diz Suzineide.

Negociações paradas
A última rodada de negociações com os bancos foi realizada no dia 25 de setembro, quando a Fenaban apresentou, na avaliação do comando de greve, a pior proposta de acordo dos últimos 10 anos, oferecendo um reajuste de 5,5% (quase a metade da inflação de 9,88% de agosto), que representa perda real de cerca de 4%, e abono de R$ 2,5 mil, pagos apenas uma vez e não incorporados ao salário.

Além reajuste salarial de 16%, os bancários reivindicam valorização do piso no valor do salário-mínimo calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de R$ 3299,66 em junho, PLR de três salários mais R$ 7.246,82, combate às metas abusivas e ao assédio moral, melhores condições de trabalho, fim da terceirização e proteção ao emprego, vales-alimentação e refeição maiores.

Com informações do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

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