Análise Refinaria Abreu e Lima: Um ano em operação e sem muito a comemorar Projeto que prometia ser o motor de aceleração da economia do estado ainda hoje não cumpriu os prazos da produção

Por: Rochelli Dantas - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/09/2015 15:58 Atualizado em:

Há um ano, chegava ao Porto de Suape o primeiro navio trazendo óleo para a Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Atracado no Píer de Granéis Líquidos (PGL3), o petroleiro Elka Aristotle trouxe cerca de 350 mil barris, o suficiente para dar início a fase de pré-operação da Rnest. A previsão era que o empreendimento desse a largada no primeiro trem de refino (processamento máximo de 45 mil barris de petróleo por dia) dois meses depois. Seguindo o cronograma inicial, no primeiro semestre deste ano, o projeto estaria a pleno vapor, com capacidade de processamento de 230 mil barris de petróleo. Os planos não foram seguidos tão à risca. A produção teve início mas a capacidade ficou limitada e a construção não foi concluída. 

Inicialmente orçado em US$ 2,5 bilhões, o valor da obra saltou para US$ 18,5 bilhões. O orçamento fez com que o empreendimento figurasse entre os principais cenários da Operação Lava-Jato, que investiga esquema de corrupção nos contratos da Petrobras. Com isso, algumas licitações foram suspensas e o andamento da obra está abaixo do desejado. 

As autorizações de funcionamento emitidas até agora pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) referentes ao complexo de refino condicionam, por exemplo, a capacidade de produção ao início de operação da Unidade de Abatimento de Emissões U-93 (SNOX), que fará o empreendimento ser menos poluente. Esta também é, inclusive, uma condicional estabelecida na Licença de Operação (LO) emitida em novembro de 2014 pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). 

A construção da SNOX está parada desde que a empresa responsável por esta obra foi incluída na lista negra das empresas de engenharia que serviam a Petrobras e entrou com pedido de recuperação judicial. “A Petrobras apresentou uma proposta de controle de emissões atmosféricas com base na qualidade do petróleo processado e nos resultados positivos verificados após a partida da Rnest. A alternativa será mantida até a entrada em operação da SNOX”, explicou, em nota, a estatal. O pleito está sendo analisado pela CPRH.

Enquanto isso, a Abreu e Lima segue operando com a capacidade autorizada, que é de 74 mil barris por dia. Segundo o comunicado enviado pela Petrobras, “a programação de recebimento de petróleo é feita considerando um planejamento anual com atualização mensal. Em média, são programados oito navios de petróleo por mês, com volume médio de 44.000 metros cúbicos por navio”. 

Quando em plena operação, a unidade da Petrobras com maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%). Além do diesel, a refinaria ainda produzirá gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP), óleo combustível e coque. Mas ainda demorará até que todo este combustível saia de solo pernambucano. Segundo o Plano de Negócios e Gestão da estatal 2015-2019, o projeto ainda terá um investimento de US$ 1,4 bilhão e deve ser concluído apenas em dezembro de 2018.


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