Ensino e inovação Sebrae-PE leva o empreendedorismo às salas de aula Programa foi iniciado com nove instituições de ensino, sendo duas privadas e sete públicas, para turmas dos ensinos Médio e Fundamental, no Recife e nas cidades de Agrestina e Goiana

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 21/08/2015 10:45 Atualizado em: 21/08/2015 10:51

Você é daqueles que tem boas ideias de negócios mas quase sempre esbarra na falta de orientação, mesmo ainda estudante? Não se assuste se a resposta for sim. Em um país onde a cultura do empreendedorismo é deficiente, nada mais normal que o seu sonho se resuma a apenas um devaneio. No entanto, se o plano tem consistência, mesmo que apenas no “rabisco”, e você possui veia empreendedora, vale a tentativa. Começando cedo, então, as chances de sucesso aumentam.

De olho nessa mudança radical na educação empreendedora, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), através do Programa Nacional de Educação Empreendedora, lançou o Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP) com a proposta de educar, fomentar o empreendedorismo e promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios, em escolas públicas e particulares.

Em Pernambuco, o JEPP mostrou as caras há dois meses em parcerias com nove instituições de ensino, sendo duas privadas (os colégios Conhecer e Construir, ambos na capital pernambucana) e sete públicas. No interior, as cidades de Agrestina, no Agreste pernambucano, e Goiana (unidade do Serviço Social do Comércio - Sesc Ler Goiana), receberam o programa. As cinco instituições restantes ficam no Recife. De acordo com o Sebrae-PE, o JEPP é destinado a alunos do 1º ao 9º anos em turmas dos ensinos Médio e Fundamental, com idades entre 6 e 14 anos (confira o vídeo).

“O JEPP não faz parte da grade curricular das escolas, mas surge como um diferencial no modo de educação, podendo ser acrescentado às matérias. Na rede pública, inclusive, ele está ocorrendo em tempo integral em algumas escolas. Nas privadas, as direções estão adaptando o programa, que pode ser inserido na grade. As aulas de empreendedorismo ocorrem duas vezes por semana com 2h de carga horária”, explica Cláudia Azevedo, gestora do Projeto Educação Empreendedora, do Sebrae-PE.

Até o momento, segundo a gestora, a média é de 300 alunos beneficiados com as aulas e 30 professores capacitados, os dois itens por escola. Custos? Nenhum. A contrapartida das instituições de ensino é apenas oferecer, através das secretarias de educação ou prefeituras (escolas públicas) e direção (privadas) o material utilizado nas oficinas temáticas de cada ano. O Sebrae-PE lembra que escolas públicas localizadas em municípios que já tenham implementado a Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa (Lei nº 123/2006) podem participar do JEPP, além das escolas da rede privada.

“As instituições disponibilizam uma sala equipada, com projetor ou telão, cadeiras, mesas, como uma sala de aula, além do material. O custo para as escolas é zero. O papel do Sebrae-PE é o de qualificar os professores para que, após as capacitações, eles estimulem ações empreendedoras, como um plano de negócios, por exemplo, entre os alunos. Os professores devem ser defensores da metodologia dentro das escolas”, pontua Cláudia.

Meta ousada
No Recife, a recém-criada Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo, que iniciou sua atuação no final de março, já formatou a inserção de escolas ao JEPP junto ao Sebrae-PE. Atualmente, de acordo com a titular da pasta, Roseana Amorim, cinco escolas públicas na capital estão em fase de projeto experimental com a implantação do programa. Até 2016, a meta da secretaria é estender o JEPP a todas as escolas públicas.

“O fomento ao empreendedorismo passa por uma inserção das ideias na rede pública de ensino. O foco da secretaria, entre tantas ações que estão sendo planejadas, é despertar todas as formas de empreendedorismo, estimulando a criação de novos negócios e visão de futuro. Todo o processo necessita de uma mudança no modo de ensino atual e a secretaria está disposta a participar dessa nova cultura, estimulando cada vez mais a busca por soluções e projetos que agreguem conhecimento e bons resultados”, afirmou Roseana Amorim.

Na capital pernambucana, as escolas Pedro Augusto (Boa Vista), Antônio Heráclito do Rego(Água Fria), Nadir Colaço (Macaxeira), Divino Espírito Santo (Caxangá) e Dom Bosco (Jardim São Paulo) foram as primeiras a receber o JEPP de forma experimental, segundo a Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo. Ao todo, 1,8 mil alunos, do 6º ao 9º ano, estão sendo beneficiados com a implantação do programa.

Capacitação

Para que a semente do JEPP seja plantada, regada e cultivada nas redes de ensino, é necessário que os professores estejam preparados para levar aos alunos temas como cultura da cooperação, ética e cidadania, ecossustentabilidade e cultura da inovação, entre outros. Sendo assim, o protagonismo juvenil e a iniciativa futura na busca de possibilidades de inserção no mercado de trabalho, por meio de uma postura empreendedora ou até mesmo da criação de negócios próprios, devem ser aplicados conforme a metodologia aplica pelo Sebrae-PE.

Segundo Cláudia Azevedo, a capacitação dos professores que ensinam em turmas do 1º ao 9º ano dura 45h. Traduzindo, o corpo docente é o mais responsável pelo sucesso do JEPP dentro da escola. A estratégia aborda a fundamentação teórica e metodológica do programa e a vivência das oficinas temáticas de cada ano de ensino. “A metodologia e a capacitação são transferidas aos professores para que eles repassem aos alunos de forma incentivadora”, completa Cláudia.

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