Conjuntura econômica Brasil mergulha na recessão, mostram indicadores Estudo da Serasa Experian indica que o PIB recuou 1,4% entre abril e junho, acumulando dois trimestres seguidos de queda. Para a FGV, a retração do período foi ainda maior e chegou a 2%

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 14/08/2015 10:30 Atualizado em:

A derrocada da economia brasileira começa a aparecer de forma cada vez mais clara em estudos de empresas e instituições acadêmicas. De acordo com o Indicador Serasa Experian, divulgado ontem, o país entrou em recessão técnica ao registrar dois trimestres consecutivos de retração neste ano. O levantamento aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,4% no período de abril a junho de 2015, após ter recuado 0,2% no primeiro trimestre, já feitos os ajustes sazonais (compensação das flutuações normais do período). No confronto com o segundo trimestre de 2014, sem ajustes, houve contração de 1,5%.

O Instituto Brasileiro de Econonia (Ibre), ligado à Fundação Getulio Vargas (FGV) identifica um quadro de retração ainda mais profunda. Segundo o Monitor do PIB, um estudo atualizado mensalmente pelos economistas do órgão, a retração do nível de atividade chegou a 2% no segundo trimestre. Quando a comparação é feita com o mesmo período de 2014, a queda é de 2,7%. Apesar de oferecerem uma visão bastante próxima da realidade econômica, os dois levantamentos não são oficiais. O indicador reconhecido pelo governo é o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deve divulgar os dados do segundo trimestre no próximo dia 28.

Indústria naufraga
Os motivos apontados pela Serasa para a retração do PIB são amplamente conhecidos: queda no nível de confiança de consumidores e empresários; inflação elevada, que reduz o poder de compra dos brasileiros; e aumento das taxas de juros, que deixa o crédito mais caro. Em nota, os economistas da empresa ressaltam, porém, que a crise política ajudou a empurrar a economia para o campo negativo no segundo trimestre.

No levantamento da Serasa, o setor industrial foi o que registrou a maior retração, ao cair 3,9% antes os três primeiros meses de 2015. Na sequência, aparecem as atividades de serviços, com queda de 0,3%, e a agropecuária, com declínio de 0,2%. Apesar do recuo no período de abril a junho deste ano, o campo acumula crescimento de 3,9% no semestre, devido à safra recorde de grãos aguardada para este ano.

Consumo menor

Considerando os dados pela ótica da demanda, o maior recuo foi registrado nos investimentos, que tiveram variação negativa de 8,6% do primeiro para o segundo trimestre. Nos seis primeiros meses de 2015, a retração foi de 9,4%. O consumo das famílias, que, durante muito tempo foi um dos motores do crescimento do país, caiu 0,9% no trimestre, segundo a Serasa, sucumbindo à inflação elevada, às restrições de crédito, e ao crescimento do desemprego. E, desta vez, nem o governo ajudou, já que o consumo do setor público teve queda de 0,6%.

A disparada do dólar, que têm pressionado a inflação ao elevar o preço de produtos e componentes importados, acabou produzindo um efeito favorável ao PIB, na avaliação dos especialistas. Isso porque a desvalorização do real torna os produtos nacionais mais competitivos, estimulando as vendas ao exterior. “O setor externo, com exportações avançando 4,1% e as importações recuando 9,2%, impediram uma retração maior na atividade econômica no segundo trimestre de 2015”, avalia a nota da Serasa.

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