Economia estagnada Vendas em baixa fazem comércio apelar para promoções o ano inteiro Varejo oferece descontos em itens que já estavam em liquidação, mas nem mesmo a remarcação fora de época tem atraído os consumidores às lojas

Por: Marina Meireles

Publicado em: 01/07/2015 09:18 Atualizado em: 01/07/2015 10:40

Remarcações de preços na MMartan, diz Lidiane, têm sido feitas com mais frequência. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Remarcações de preços na MMartan, diz Lidiane, têm sido feitas com mais frequência. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Encontrar lojas com produtos em promoção não é uma tarefa difícil, principalmente na época do ano em que o comércio deseja escoar os estoques antigos. Repletas de adesivos que prometem preços baixos e descontos imperdíveis, as vitrines são a tentativa de atrair um consumidor que, diante do aumento de insumos básicos e da ameaça de desemprego, tem pensado duas vezes antes de fazer até mesmo as compras necessárias.

De acordo com o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), os efeitos sazonais das liquidações são comuns, mas especificamente em 2015, o varejo parece anunciar descontos durante o ano inteiro. “Os lojistas têm feito promoções para escoar o estoque e chamar o consumidor que não tem frequentado o comércio como antes”, explica. Segundo ele, os preços são vantajosos para os clientes, mas o aperto no bolso tem funcionado como uma barreira no caminho das compras. “O comércio tem sacrificado o lucro para não perder o cliente, mas combinação de crédito alto, baixa confiança do consumidor e aumento das tarifas públicas tem afastado de vez o consumidor”, afirma Bentes.

Apesar de acreditar que a chegada dos meses de junho e julho atrai consumidores à procura de mantas e cobertores, a gerente da loja de cama, mesa e banho MMartan do Shopping Tacaruna, Lidiane Santiago, tem observado um comportamento diferente em 2015 . “Sempre fazemos duas liquidações ao longo do ano, mas, por causa do movimento fraco, estamos remarcando os produtos com mais frequência e fazendo promoções internas”, afirma. Segundo ela, até mesmo os produtos de coleções recentes da loja recebem descontos devido à baixa procura dos clientes.

Assim como a advogada Valéria Koblitz, a maioria dos consumidores restringiu as compras e adquire somente o essencial. A sinalização que indica produtos remarcados só é levada em consideração se o preço realmente for mais baixo do que o usual. Para Valéria, o ideal é unir a necessidade ao preço baixo do produto para que ele saia da vitrine e chegue ao caixa. “O pensamento é diferente hoje. Só compro o que é mesmo necessário e avalio se a promoção realmente oferece uma vantagem”, pontua Valéria.

Vendas em baixa

Segundo o economista Rafael Ramos, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), as campanhas promocionais para mudança de coleção são uma estratégia mais comum entre as lojas de vestuário, devido à mudança sazonal das coleções de roupas, mas o ano atípico também tem gerado liquidações em outros segmentos. “Os lojistas de todos os segmentos têm observado os estoques crescerem mês a mês sem a o escoamento esperado. Depois do mau desempenho dos dias das Mães e dos Namorados, a estratégia tem sido anunciar os preços baixos para buscar retorno satisfatório”, observa.

A gerente da loja de roupas e acessórios M. Officer, Maria do Carmo Dantas, afirma que nem mesmo os manequins da vitrine que indicam liquidação ou as etiquetas vermelhas que indicam descontos superiores a 70% conseguem atrair o fluxo desejado de clientes.
“Se compararmos os quatro primeiros meses de 2015 com o mesmo período do ano passado, a queda de vendas foi de 50%.”, afirma. Além das campanhas promocionais feitas em épocas específicas do ano, a gerente comenta que a alternativa adotada pela loja é de aplicar descontos em peças que já estavam remarcadas para tornar os itens ainda mais atrativos.

Apesar dos preços atraentes para os consumidores, o segmento de vestuário tem observado uma queda nos últimos meses. Segundo o economista Fábio Bentes, da CNC, a projeção é de um cenário desfavorável para os lojistas do setor até o fim do ano. “Como as roupas são consideradas bens de consumo adiável, a CNC prevê uma queda de 7% nas vendas nesse segmento do varejo até o fim de 2015”, pontua.

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