Conjuntura Montante para investir na ampliação da capacidade produtiva tem queda Em 2015, os investimentos devem despencar 7% pelas contas do economista e estrategista da gestora Rio Bravo Investimentos Evandro Buccini

Por: Rosana Hessel -

Publicado em: 25/05/2015 10:06 Atualizado em:

Obras da ferrovia Norte-Sul, que deverá ter alguns de seus trechos oferecidos a operadores privados no pacote de concessões. (Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press)
Obras da ferrovia Norte-Sul, que deverá ter alguns de seus trechos oferecidos a operadores privados no pacote de concessões. (Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press)

A política econômica desencontrada que a presidente Dilma Rousseff adotou durante o primeiro mandato está cobrando sua fatura ao país. Enquanto as projeções de queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano são cada vez piores, a principal mola para o crescimento sustentável perde força. Em 2015, os investimentos devem despencar 7% pelas contas do economista e estrategista da gestora Rio Bravo Investimentos Evandro Buccini. Isso será consequência do corte do governo em obras e também da queda de confiança do setor privado.

O tombo, se confirmado, vai superar a retração de 4,4% ocorrida em 2014. E será o pior desde 1999, quando a diminuição foi de 8,9%, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A queda neste ano será drástica e reflete a insegurança do empresário em ampliar a produção porque ele sabe que não haverá aumento de demanda a curto prazo”, pontua Buccini.

“Há muitas dúvidas sobre como o governo conseguirá fazer o ajuste fiscal necessário e criar condições para o país voltar a crescer, por isso o corte do investimento neste ano será forte”, explica Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora. Ele diz que as previsões para a queda vão de 5% a 10%.
Na avaliação da economista Monica Baumgarten de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, de Washington, o quadro atual, com instabilidades econômica e política, não anima o empresário a correr riscos. “Este ano será dramático para o investimento. Algo que não vemos há duas décadas”, alerta.

Para ela, a melhora do cenário econômico e do investimento deverá ocorrer apenas a partir de 2017. “O governo vai precisar fazer um ajuste fiscal em 2016 mais duro do que o de 2015”, diz ela, lembrando que a meta de superavit de 2% do PIB será o dobro da atual (de 1,1% do PIB, revisada na última sexta-feira).

Essa tendência de retração do investimento deve se confirmar com os dados do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado pelo IBGE na próxima sexta-feira. A expectativa do mercado para a retração da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), nome técnico do investimento, oscila entre 0,5% e 1% no primeiro trimestre em relação ao quarto do ano passado. Esta será a sétima queda consecutiva. As projeções para o PIB são de recuo de 0,9% a 2% em relação ao primeiro trimestre de 2014.

Cortes
Diante da dificuldade com o ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já avisou que pretende aumentar impostos, o que, para especialistas, é muito ruim,  pois dificultará ainda mais o investimento privado.

Para piorar, o corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015,  anunciado na sexta-feira, sacrifica, principalmente, os investimentos públicos. O programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi a maior vítima da tesourada: R$ 25,7 bilhões. Logo, restaram R$ 40,5 bilhões para o governo investir no PAC, e, provavelmente, nem tudo será concretizado. “Desde o primeiro PAC, o governo nunca desembolsou o que disse que investiria. Não acredito que fará isso agora”, aposta Buccini, da Rio Bravo.


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