Consumo Brincando como os nossos pais. Ou avós Resgate de brinquedos educativos e que promovem interações começa a ganhar espaço no Recife, com o surgimento de lojas específicas

Por: Yasmin Freitas - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/05/2015 08:00 Atualizado em: 01/05/2015 00:40

Virginia e Silviano abriram a Zepelim Brinquedos após o nascimento do primeiro filho. Hoje têm duas unidades, uma em Piedade e a outra no Espinheiro. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Virginia e Silviano abriram a Zepelim Brinquedos após o nascimento do primeiro filho. Hoje têm duas unidades, uma em Piedade e a outra no Espinheiro. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Carro em miniatura, casa de bonecas, massa de modelar, cavalo de pau, pião, fantoche, quebra-cabeça, corda de pular. Parece uma viagem ao tempo distante da infância sem muito contato com tecnologia e jogos digitais, mas não é. É a descrição dos itens que ocupam as prateleiras de um novo e rentável nicho de mercado no Recife, o de lojas de brinquedos e brincadeiras educativas. O negócio tem atraído pais e pequenos, que deixam um pouco de lado as marcas e personagens famosos – e os eletrônicos – na hora da diversão.

Quando o primeiro filho dos arquitetos Virginia Ory, 35, e Silvanio Santana, 43, nasceu, eles tiveram dificuldade de encontrar brinquedos educativos para a criança. Do desejo pelos itens surgiu a oportunidade de negócio. Veio ao mundo a Zepelim Brinquedos, atualmente com duas unidades, uma em Piedade e a outra no Espinheiro. “Lojas de brinquedos educativos já eram uma realidade no Sudeste, mas por aqui era muito difícil ter acesso”, comenta Virginia.

“Fundamos a Zepelim com essa ideia de vender brinquedos com os quais fosse possível interagir e socializar, além de desenvolver habilidades. Brinquedos que fossem instrumentos, e não que instrumentalizassem a criança, como acontece com muitos eletrônicos”, detalha a empreendedora. Deu certo. Atualmente a loja comercializa entre 750 e 1,2 mil itens por mês. A casinha de bonecas, a montanha-russa em miniatura e o pião sonoro são os brinquedos de maior saída da casa, que pratica preços de R$ 3,50 (kit de massa de modelar ) a R$ 420 (valor da casa de bonecas).

Quem também decidiu investir no mercado de brinquedos educativos foi a publicitária Juliana Lins, à frente da Vila 7 Diversão Inteligente, com atuação nas Graças e no Shopping Recife, em Boa Viagem. A loja, que também funciona como livraria infantil, tem preços variando entre R$ 4,90 (livro) e R$ 799, preço de um fogão de brinquedo. “A grande sacada do negócio é que, apesar da publicidade contribuir para que as crianças não se sintam atraídas pelos brinquedos de cara, já que eles não são associados a desenhos animados, os pais conseguem trazê-las principalmente porque existe uma carga de memória afetiva nos brinquedos e uma preocupação de oferecer algo de qualidade”, comenta.

Ana Cecília sempre buscou alternativas para os filhos Luana e Felipe. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Ana Cecília sempre buscou alternativas para os filhos Luana e Felipe. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Na casa da fotógrafa Ana Cecília Albuquerque, 36, mãe de Luana, 5, e Felipe, 2, foi assim. “Sempre busquei alternativas de brinquedos inteligentes. Além de comprar aqui no Recife, também procuro opções em outras cidades do país com mais opções de lojas e no exterior. Por aqui, os preços ainda são muito altos”, revela. A publicitária já adquiriu para os filhos livros e quadros com adesivos, fantoches e bonecos. “Para quem tem criança, é algo que realmente faz falta no Recife. Inclusive quando o assunto é custo-benefício. Para o preço cobrado, alguns produtos ainda deixam a desejar”, completa.

Sobre a questão dos preços elevados, Ory explica que não é possível concorrer com grandes lojas, já que o volume de vendas é menor e o fornecimento dos brinquedos, que vem de outros estados e do exterior, não pode baratear os preços para pequenos volumes. Mesmo assim, Juliana acredita que pratica preços competitivos e que há público para o negócio. “A sede da minha loja em Boa Viagem nem sempre foi no Shopping. Mas se passou para um grande centro de compras, é sinal de que, para esse nicho, as coisas estão indo bem”, revela. “Quando medimos a diferença de faturamento de março do ano passado para este ano, o crescimento foi de 68% de vendas”, completa.

O Centro de Artesanato de Pernambuco é outro ponto de comercialização de brinquedos educativos e que agrega o trabalho de 26 artesãos diferentes do estado. “É uma parcela expressiva do faturamento do centro, que comercializa cerca de 460 produtos mensalmente”, relata o diretor do centro, Thiago Brandão. Por ano, apenas com brinquedos, o faturamento total do Centro de Artesanato chega a R$ 120 mil. “É um número que fala do consumo não apenas de turistas, mas também de locais. O pernambucano consome muito os produtos. As crianças vêm aqui e se encantam, assim como muitos pais”, completa Brandão. No Centro, é possível encontrar brinquedos como rói-rói, bonecas de pano, pião, entre outros.




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