Liderança Brasil alcança topo do ranking de empreendedorismo Mais de 30% dos brasileiros entre 18 e 64 anos são empresários ou estão em fase de arquitetura do próprio negócio

Por: Yasmin Freitas - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/05/2015 11:00 Atualizado em: 28/05/2015 11:32

Carmem Virgínia representa um novo perfil de empreendedor que emerge na pesquisa sobre empreendedorismo. (Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press)
Carmem Virgínia representa um novo perfil de empreendedor que emerge na pesquisa sobre empreendedorismo. (Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press)
Em dez anos, o Brasil viu sua taxa de empreendedorismo saltar de 23%, em 2004, para 34,5% – valor relativo a 2014. Os números representam o comportamento de 10 mil adultos de todas as regiões do país que encabeçam empresas ou estão iniciando o próprio negócio. O levantamento está na pesquisa GEM: Empreendedorismo no Brasil e no Mundo. No Brasil, a pesquisa é realizada pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Metade dos empreendedores está em fase inicial e atua no mercado há menos de três anos e meio. A outra se encontra estabelecida. 

Se comparado a outras potências mundiais, o sucesso do empreendedorismo brasileiro fica ainda mais evidente. Na China, segundo colocado da pesquisa, a taxa de pessoas que estão à frente do próprio negócio é de 26,7%. Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%) e França (8,1%) aparecem logo atrás. De acordo com o superintendente do Sebrae-PE, Oswaldo Ramos, a explosão do potencial empreendedor brasileiro se explica graças à facilidade de formalização dos negócios e aos incentivos fiscais, a exemplo do SuperSimples. O regime de cobrança simplificada de impostos para empresas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões reduz a carga tributária em até 40%. 

“Vêm crescendo o número de políticas públicas e editais de fomento ao empreendedor. Apesar da instabilidade econômica, temos um ambiente favorável para o crescimento”, justifica Ramos, destacando que o setor de comércio e serviços sai na frente. Ainda assim, ele acredita que a cultura empreendedora esteja em baixa.  

Oportunidade
Em 71% dos casos, a criação de um empreendimento passa pela oportunidade de mercado e não pela necessidade do sustento. A advogada Débora Teodorico, 26, e o fotógrafo Rodrigo Pessoa, 31, à frente da empresa de decoração Seu Mundico, ativa desde outubro de 2014, fazem parte das estatísticas. “Tínhamos nossa profissão estabelecida e começamos a produzir peças de decoração porque há uma carência no setor, principalmente com preços acessíveis”, revela o fotógrafo. Para Ramos, o fato se reflete na qualidade do trabalho desenvolvido e na prosperidade da empresa.  

Outro ponto levantado pela pesquisa é de que ter o próprio negócio é o terceiro maior sonho do brasileiro, ficando atrás apenas de adquirir a casa própria e viajar. O número de pessoas que almejam se tornar o seu próprio chefe é de 31%, o dobro se comparado a quem deseja fazer carreira em empresas.

“O número é mais uma prova de que estamos com um terreno fértil para empreender e com boas oportunidades de mercado”, ensina Ranos. Débora e Rodrigo concordam. “Temos vendido muito bem os artigos da loja e enxergado sucesso na marca. Para quem consegue ser inovador, ter uma empresa é algo interessante”, diz Débora.

Mais negro, feminino, jovem e classe C
Já sabiam os orixás que Carmem Virgínia, 38, se tornaria uma chef de cozinha conceituada quando, aos sete anos de idade, ela recebeu a missão de cozinhar os alimentos utilizados nos rituais religiosos dos terreiros de candomblé. Era o início da carreira em meio aos temperos que hoje toma corpo no comando do Altar, restaurante especializado em culinária tradicional localizado no bairro de Santo Amaro com um ano de funcionamento. 

Mulher, negra, jovem e integrante da classe C, Carmem representa um novo perfil de empreendedor que emerge na pesquisa GEM 2014. “Se tomarmos os negócios mais antigos como referência, vamos observar uma presença maior de homens brancos e com maior poder aquisitivo. Agora há espaço para novos tipos, principalmente no Nordeste, onde a taxa de mulheres empreendendo já supera a de homens”, revela o superintendente do Sebrae-PE, Orwaldo Ramos. E o novo tipo de empreendedor vai bem. A taxa de sobrevivência desses negócios chega a atingir 70% até o segundo ano de funcionamento. 

"Por ser mulher e negra, sempre foi muito difícil me encaixar em uma empresa tradicional, então desde jovem estou empreendendo para garantir meu sustento. Me sinto muito feliz de representar a força de grupos que são geralmente excluídos, como mulheres e pessoas negras. O altar é o primeiro negócio de toda a minha família e motivo de muito orgulho", comenta Carmem.


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