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Olho na fatura Cartão de crédito com juros de até 700% ao ano Levantamento do Banco Central mostra taxas abusivas, principalmente na modalidade de crédito rotativo, quando aumentam as chances de ampliar as estatísticas de inadimplência

Por: Antonio Temóteo

Publicado em: 28/03/2015 08:30 Atualizado em: 27/03/2015 19:26

Consumidores devem evitar o crédito rotativo dos cartões porque as taxas de juros cobradas são abusivas, orientam especialistas. Foto: Ovídio Carvalho/ON/D.A. Press
Consumidores devem evitar o crédito rotativo dos cartões porque as taxas de juros cobradas são abusivas, orientam especialistas. Foto: Ovídio Carvalho/ON/D.A. Press
O consumidor deve ficar atento às taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras no cartão de crédito. Os encargos para quem opta pelo sistema rotativo ultrapassam os 700% ao ano, conforme dados do Banco Central. Os clientes que não quitam os débitos com os bancos na data prevista em contrato correm o risco de ver a dívida aumentar exponencialmente, com grandes chances de passar a engrossar as estatísticas de calote do país.

Entre as 45 instituições financeiras que compõem o levantamento da autoridade monetária, o Banco Cetelem aplica os maiores juros do crédito rotativo dos cartões para pessoa física: 718,68%. A reportagem procurou o Cetelem, que não foi achado para comentar por que os encargos são tão altos. O Banco CSF, do Carrefour, é o segundo da lista e cobra dos consumidores 695,97% ao ano para quem não paga a fatura em dia. A instituição informou que não comenta o assunto.

O Itaú Unibanco é o terceiro da lista, com juros do rotativo de 625,61%. O banco ainda é responsável por, pelo menos, outras quatro instituições — Luizacred, Hipercard, Itaú CBD e Itaucard — que fazem parte do levantamento do Banco Central, mas não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta matéria.

O HSBC, sexto entre os que mais cobram encargos dos consumidores (565,42% ao ano), afirmou que os juros dependem das características de cada produto, sendo que a taxa mínima é de 4,9% ao mês e a máxima, de 15,99% ao mês. O Bradesco, proprietária de pelo menos duas empresas listadas no levantamento do Banco Central, afirmou que procura sempre oferecer taxas competitivas em relação ao mercado. O banco ainda ressaltou em nota que a utilização do crédito rotativo é indicada para uso em situações emergenciais e os clientes têm à disposição outras opções de crédito, com taxas mais em conta.

O Santander informou que para a avaliação de custos de cartões é importante considerar os diferentes tipos de produtos, os benefícios totais oferecidos e as necessidades do cliente. O banco cobra, ao ano, 423,84% de taxa de juros de crédito rotativo de cartão, mas comentou que disponibiliza alternativas com juros inferiores.

Abusos
Para o educador financeiro Alvaro Modernell, os consumidores devem evitar o crédito rotativo dos cartões porque as taxas de juros cobradas são abusivas. Ele explicou que o cliente que recorre a essa modalidade de crédito verá a dívida crescer exponencialmente em pouco tempo. “Quem está endividado tem um problema gravíssimo, mas quem usa o rotativo acumula um prejuízo muito maior. O cidadão deve cancelar a conta ou o cartão quando o banco cobra taxas de juros de crédito rotativo abusivas”, comentou.

Na avaliação da educadora financeira da DSOP Teresinha Rocha, o crédito rotativo do cartão é o vilão da inadimplência e potencializa as dívidas dos brasileiros. Conforme ela, isso ocorre porque os consumidores tiveram acesso a crédito antes da educação financeira. Teresinha explicou que muitos brasileiros incorporam o cartão ao salário e perdem o controle do orçamento. “As pessoas têm se planejar e não devem recorrer ao rotativo”, disse.

Veja os campeões de juros
Confira quais as taxas anuais no cartão de crédito rotativo de instituições financeiras

Instituições        Juros ao ano       
Cetelem             718,68%   
CSF                    695,97%
Itaú Unibanco      625,61%
Banco Fibra          597,52%
Omni                  570,97%
HSBC Finance       565,42%
Luizacred             550,48%
Hipercard             528,45%
Bradescard           448,83%
Santander            423,84%
Banco do Brasil     221,11%
Caixa                    90,24%

Fonte: Banco Central

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