Estagflação Brasil terá dois anos de recessão

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 27/03/2015 08:33 Atualizado em:

Este ano já era: o Brasil está entregue à estagflação. O máximo que o Banco Central (BC) espera salvar é 2016, como mostra o Relatório de Inflação divulgado ontem. Para 2015, a expectativa é de queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que seria o pior resultado desde 1992. Os analistas ouvidos pelo próprio BC no Boletim Focus contam com um recuo ainda maior, de 0,83%, o desempenho mais pífio em 25 anos. Para o ano passado, a redução do PIB esperada pela autoridade monetária é de 0,1%, de acordo com a nova previsão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje esse número.

“Sabemos que a situação de 2015 é de transição. O ajuste que está sendo feito é padrão, importante, relevante e necessário. O objetivo é fortalecer os fundamentos da economia e nos prepararmos para um novo ciclo de crescimento sustentável”, disse ontem o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu, em consonância com o discurso do presidente da instituição, Alexandre Tombini, no dia anterior.

O documento traz uma inequívoca piora de expectativas para crescimento, inflação e emprego. Com a previsão de que haverá queda no PIB de 2014 — no relatório publicado no trimestre anterior, a projeção era de leve alta de 0,2% —, aliada à previsão negativa para 2015, o Brasil terá um biênio de recessão econômica. A expectativa é de que a indústria desabe mais, com retração de 2,3%, e os investimentos recuem expressivos 6%. “O BC continuará a se surpreender negativamente com a evolução da atividade econômica nos próximos meses”, disse o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn.

Na área de preços, a situação também é de deterioração. A inflação será de 7,9% em 2015, estima a autoridade monetária, bem acima do teto da meta, de 6,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A previsão anterior era de 6,1%. Para 2016, houve ligeira queda na projeção: de 5% na versão anterior para 4,9% na atual. A instituição espera que o choque de preços se concentre neste ano.

O mercado vê no relatório reforço dos sinais de que haverá mais aperto. Ontem, Awazu, afirmou que “a política monetária está e continuará vigilante para assegurar a convergência da inflação à meta de 4,5% ao longo de 2016”. O diretor procurou deixar claro, no entanto, que embora exista um consenso sobre condições mais favoráveis para a inflação medida em 2016, “isso não é suficiente”.

Para o diretor, a elevação de preços deste ano, principalmente no primeiro trimestre, é decorrente do alinhamento dos preços como energia elétrica e combustíveis, aos demais. A projeção da autoridade monetária é de que o dólar fique em R$ 3,15, o que nem todo mundo no mercado acredita. O mercado aposta em R$ 3,25.

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