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NOVELAS

'Renascer' é acusada de apologia ao incesto; entenda

ONG de proteção às crianças alega que obra banaliza a temática; na trama, a personagem trata o homem por "painho" mesmo após o casamento dos dois

Publicado em: 04/03/2024 16:38


Casamento entre Mariana e José Inocêncio na novela Renascer (foto: Ellen Soares/gshow)
Casamento entre Mariana e José Inocêncio na novela Renascer (foto: Ellen Soares/gshow)

A trama dos personagens José Inocêncio (Marcos Palmeira) e Mariana (Theresa Fonseca) na novela Renascer tem causado, no mínimo, indignação entre telespectadores e organizações. No enredo, a personagem de Theresa vai morar na fazenda do protagonista e começa a tratá-lo como uma figura paterna. A relação dos dois, no entanto, começa a se desenvolver para um relacionamento amoroso.

 

Durante uma conversa entre os dois, Mariana, inclusive, chega a perguntar se pode chamá-lo de “painho”. “Se for para ficar aqui nessa fazenda eu quero que o senhor seja o pai que eu nunca tive”, diz a moça. Em resposta, José Inocêncio afirma que quer recebê-la como se fosse a filha que Maria Santa (Duda Santos) não pôde lhe dar. Mesmo após o casamento dos dois, a esposa continua a chamá-lo de pai.

 

O romance dos dois, além de destacar uma diferença de idade – o ator tem 60 anos, já a atriz, 26 –, desperta a problemática de uma relação amorosa e sexual onde a mulher vê o homem como uma figura paternal de poder. Por este motivo, a associação civil Vozes de Anjos, que atua na “defesa dos interesses de mães, crianças e adolescentes”, apresentou uma interpelação judicial contra a emissora sob a acusação de que a novela faz determinada apologia ao incesto.

 

“Está em exibição agora em veículo audiovisual em modo novela, além de naturalizar uma relação amorosa entre a representação de pai e filha. A violação pelo incesto mostrado repetidamente em ritmo de novela. Essa naturalização continuada, mesmo que romanceada, está veiculando um crime contra crianças e adolescentes”, aponta a presidente da Vozes de Anjos, Ana Iancarelli. Segundo o advogado da ONG, Carlos Nicodemos, a ação na Justiça tem o objetivo de evitar possíveis danos que a trama, que alega ser uma banalização da temática do incesto, possa causar.

 

Incesto se configura como uma relação sexual ou amorosa entre parentes consanguíneos ou por afinidade. A prática, embora vetada no Código Civil, não é criminalizada, exceto quando relação envolve um adulto e uma pessoa menor de 14 anos. Na novela, a relação entre Mariana e José Inocêncio não se configura como um incesto, já que o dois não possuem parentesco. A acusação, no entanto, é de que a novela romantiza e trata de maneira banal uma temática que fere direitos de crianças e adolescentes.

 

Na ação movida na 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital, a associação pede que a emissora pare de promover a narrativa de relação paternal entre os dois e redirecione o enredo para desassociar essa ideia. A interpelação pede ainda que a Globo promova reparação aos danos causados por meio de ações educativas. De acordo com Ana Iancarelli, os efeitos dessa naturalização podem ser nocivos. “Porque isso fica no inconsciente das pessoas como sendo possível, principalmente uma emissora com o tamanho, então é preciso ter muita atenção”, declara. “Não é só parar de falar painho, mas é explicitar que não pode haver relação intrafamiliar.

 

Procurada, a emissora ainda não se posicionou sobre o assunto até a última atualização do texto. O espaço segue aberto para manifestações.

 

 

Confira as informações no Correio Braziliense

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