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FUTEBOL E TRAGÉDIA

Documentário aborda histórias perdidas no incêndio do Ninho do Urubu

Tragédia no centro de treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, em de 2019, tirou a vida de dez jovens atletas

Publicado em: 14/03/2024 06:00 | Atualizado em: 13/03/2024 18:22

Série documental conta a história da tragédia em três episódios  (Crédito: Courtesy of Netflix)
Série documental conta a história da tragédia em três episódios (Crédito: Courtesy of Netflix)

 

A Netflix lança, nesta quinta-feira (14), a minissérie documental "O Ninho: Futebol e Tragédia", que conta a história do incêndio no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo. Dez jovens das categorias de base do clube perderam a vida na tragédia, em 2019.

 

O responsável pela direção e produção do documentário, Pedro Asbeg, conversou com o Diario a respeito do lançamento.

 

"Desde o primeiro momento em que esse trabalho começou, eu entendi o tamanho da responsabilidade que eu tinha em contar essa história, seja por envolver a morte de dez jovens, seja por se tratar do Flamengo, o clube mais popular do Brasil, seja, principalmente, por falar desses meninos cujos pais e mães vão carregar para sempre essa dor", explica Asbeg.

 

São três episódios que equilibram as descobertas das investigações acerca do ocorrido e a situação das famílias, que se viram desamparadas e com uma dor incessante para carregar. Para o diretor, respeito e confiança eram as bases para o relacionamento com essas pessoas, também vítimas.

 

"Essas famílias, de alguma forma, são gratas pelo fato desse trabalho existir, porque uma das coisas que elas mais querem é que essa tragédia não seja esquecida. De alguma forma, [a série] dá visibilidade a essa tragédia e aos responsáveis por ela", diz.

 

Produções usou dramatizações para relembrar incêndio (Crédito: Courtesy of Netflix)
Produções usou dramatizações para relembrar incêndio (Crédito: Courtesy of Netflix)
 

 

O incêndio, que começou a partir de um curto-circuito nas instalações elétricas do dormitório das categorias de base, escancarou irregularidades e negligências de um dos maiores clubes do Brasil. Investigações apontaram que o Flamengo tinha conhecimento da instabilidade de segurança do local que servia de casa para os jovens que, à época, dormiam num alojamento montado em um contâiner. 

 

"A gente está levantando um assunto que é muito importante, principalmente pelo fato desse processo ainda estar aberto, né? O julgamento nunca aconteceu", lembra Asbeg, que enfatiza a falta de punição até hoje. "A gente tá falando da morte de dez jovens e até hoje não houve punição, não se encontraram responsáveis", afirma.

 

Durante a conversa, o realizador falou sobre a responsabilidade de tratar com uma história tão sensível para um público que, muitas vezes, falta empatia. Nas semanas que sucederam a tragédia, torcedores de rivais e até do próprio Flamengo ironizaram e chegaram a usar o incêndio como provocação.

 

Asbeg lembrou dessas situações e afirmou que a produção é também para essas pessoas. "Para quem torce para o Flamengo e defende que essas pessoas estão querendo se beneficiar com a morte dos filhos, estão querendo tirar dinheiro do clube, eu espero que terminando a elas mudem um pouco de opinião e falem 'pô, como é que eu pude pensar alguma vez nisso? Essa pessoa perdeu filho, não tem nada mais doloroso'. Espero que essas pessoas que não torcem pro Flamengo e usaram da tragédia pra provocar os torcedores do Flamengo, eles também mudem um pouco de ideia", contou.

 

"Nos tempos em que a gente vive, eu acho que vai ter um pouco de tudo, eu quero acreditar que a gente vai gerar epifanias e mudanças na cabeça de algumas outras pessoas, e ao mesmo tempo, acho que outras não vão ser mudadas, nem querem ser mudadas", opina Asbeg.

 

Se propondo a contar uma história emocionante de busca pela verdade e justiça, a série tem a força para propor debate e investiga as circunstâncias de uma tragédia que vitimou dez jovens e acabou com inúmeros sonhos. "Eu sinceramente espero que quem assistir de coração aberto vai olhar para os humanos, para os pais, mães, tios, avôs, avós, irmãos, que vão lidar para sempre com essa dor. Minha vontade é humanizar e dar rosto, dar voz para essas pessoas", finaliza. 

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