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Música

Conquistando territórios

Revelação do violão clássico brasileiro, Gabriele Leite faz show em Olinda do seu aclamado disco de estreia

Publicado em: 12/03/2024 06:00

 (Tom-Ambroise Fenaille)
Tom-Ambroise Fenaille
Saindo de Cerquilhos, no interior de São Paulo, até Nova York, Gabriele Leite traz um novo fôlego para a música erudita brasileira no toque do violão clássico em seu álbum Territórios (2023), onde as composições de William Walton, Edino Krieger e Heitor Villa-Lobos são interpretadas com sua sensibilidade artística. É a mesma premissa do espetáculo homônimo, que chega à Casa Estação da Luz, em Olinda, nesta quinta-feira (14), a partir das 20h. Antes, o grupo Percussão Maracatu Quebra-Baque dará as boas-vindas ao público no show de abertura. Os ingressos estão à venda na plataforma Sympla.

Mulher negra, com apenas 24 anos, Gabriele manifesta em seu disco de estreia a musicalidade que começou a aflorar desde a infância. Na falta de um violão adequado, uma vassoura era improvisada como se fosse o instrumento. Filha de uma costureira e um mecânico industrial, a paulista iniciou a educação musical no Instituto Guri, mantido pelo Centro Cultural São Paulo para criança e adolescentes. Aos 18 anos, ingressou no Bacharelado com habilitação em violão pelo Instituto de Artes da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).

Em 2020, Gabriele foi admitida no programa de mestrado em Performance Musical da Manhattan School of Music, em Nova York, com uma bolsa integral concedida pela Sociedade Cultura Artística. Após a conclusão do curso, a violonista permaneceu nos Estados Unidos e atualmente está cursando o doutorado em Performance Musical na prestigiada Stony Brook University, também em Nova York. E foi nessa metrópole estadunidense em que Gabriele gravou Territórios, demonstrando sua reverência por compositores ilustres.

Ela sublinha a influência de Villa-Lobos, William Walton, Edino Krieger e Sérgio Assad. “Cada um dos compositores acrescentou um crescimento artístico muito relevante”. Dentro de um cenário erudito carente de representatividade feminina, Gabriele ressalta sua contribuição e a de outras mulheres visando fornecer referências musicais diferentes do modelo patriarcal para a próxima geração. “O papel da mulher é de fomentação para que mais pessoas tenham acesso a esses lugares. E que, por resultado desses acessos diversos dentro da música clássica, as nossas referências possam variar”. 

Ao desbravar a música clássica do século 20, Gabriele também volta no tempo para relembrar sua trajetória artística que a catapultou para ser considerada uma das 30 celebridades abaixo dos 30 anos pela revista Forbes, em 2020. “O repertório foi pensado justamente nessa ideia dos territórios que eu passei ao longo da minha história com a música, desde o conservatório de Tatuí até a pós-graduação em Nova York”, destaca.  Além da carreira solo, a violonista também atua como camerista no duo de violão com o violonista gaúcho Eduardo Gutterres. 

A turnê representa um novo capítulo para a musicista após o lançamento do álbum, com uma agenda recheada de concertos em 2024. Inclusive, Gabriele é a artista brasileira selecionada para o ClassicalNEXT, considerado o maior evento da música clássica contemporânea, realizado em Berlim, na Alemanha. Enquanto o próximo repertório está sendo elaborado, toda a atenção está voltada para o doutorado, com aulas previstas para iniciar em maio. “Tenho a expectativa de um segundo disco, porém o foco a curto prazo é realizar a qualificação do doutorado em Nova York”. 

Após performances em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, Gabriele está entusiasmada com a chance de apresentar sua melodia ao público pernambucano pela primeira vez. “A turnê está maravilhosa, o público contagiante e os reencontros com os amigos tem sido algo incrível. As expectativas para a ida a Olinda estão altas. Não vejo a hora de encontrar esse público caloroso”, conclui a musicista.

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