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ENTREVISTA

Amazônia, Pernambuco e o mundo se encontram em novo lançamento do pernambucano Amaro Freitas

O Diario de Pernambuco conversou com o músico sobre "Y'Y", seu quarto álbum de estúdio

Publicado em: 04/03/2024 18:02 | Atualizado em: 05/03/2024 12:19

Quarto álbum do pernambucano foi lançado nesta sexta (1º) (Ruan Pablo/DP)
Quarto álbum do pernambucano foi lançado nesta sexta (1º) (Ruan Pablo/DP)

 

O músico pernambucano Amaro Freitas lançou, neste mês, seu quarto álbum de estúdio, o “Y'Y” ((pronuncia-se IêIê). Em entrevista ao Diario, ele falou sobre as inspirações para o novo disco, que vem sendo elogiado pela crítica.

 

A obra foi concebida em um período de cinco anos, a partir de viagens para conhecer o Brasil a fundo. Assim, o artista desenvolveu sua “homenagem à floresta e aos rios do Norte do Brasil”, como é definida a essência do álbum. 

 

“Esse disco é um grande mix da cultura nordestina, do território de onde eu venho, Pernambuco, com a Amazônia, com Manaus, com Maranhão”, explica.

 

Para a sonoridade, as inspirações vieram do compositor, maestro e arranjador pernambucano Moacir Santos ao compositor americano e ícone da eletroacústica John Cage, de quem Amaro trouxe a técnica do piano preparado, adaptada à referências afro-indígenas e ao cotidiano do povo brasileiro. Em suas experimentações, o disco traz a sonoridade polirrítmica do piano somada a sementes amazônicas, prendedores de varal, apitos florestais e até um jogo de dominó.

 

“Eu queria muito falar sobre o Brasil, mas a partir de uma outra perspectiva, e eu acho que talvez essa seja a grande riqueza do disco. Ora, se conecta muito com o nosso tempo contemporâneo e parece música eletrônica. Ora, o piano é transformado numa sinfonia florestal, né? Então acho que essa foi a intenção”, reflete.

 

"Viva Naná"

 

Apesar do mundo inteiro estar presente em suas composições, parte da essência do "Y'Y" vem de um lugar vizinho a Freitas, a mente genial do músico Naná Vasconcelos, que conta com uma faixa inteira em sua homenagem, “Viva Naná”.

 

“A inspiração para incluir Naná Vasconcelos veio dessa grande conexão com a Amazônia que ele já teve", diz Amaro, que lembra de seu passado no Recife. "Quando eu entro na faculdade, eu começo a ter um contato maior com as tradições de Pernambuco, do Brasil. E essa conexão com a obra do Moacir Santos e do Naná Vasconcelos foram me invadindo e eu fui cada vez mais mergulhando dentro desse grande universo que é o Naná. E isso foi, de uma certa forma, me inspirando”, diz.

 

De acordo com Amaro, grande parte de sua conexão com Naná foi resultado dos destinos que os dois compartilharam, mesmo em épocas diferentes. “Ali [nas viagens] foi-me apresentado um outro Brasil e eu fiquei pensando muito nessa conexão que Naná Vasconcelos teve. E eu acredito que isso é uma conexão espiritual, isso é uma conexão dessa região do Brasil que muitas vezes é apenas apresentada pela televisão, mas a vivência de lá, experienciar Manaus, a Amazônia, é totalmente diferente de ver pela TV. E esse movimento me inspirou muito e eu queria fazer das cordas do piano o berimbau de Naná Vasconcelos.”

 

Seguindo o exemplo de seu guia, Freitas vem se tornando um ícone brasileiro no exterior. A projeção dele no cenário internacional é cada vez maior desde sua primeira turnê fora do país, em 2018. Para ele, a responsabilidade de levar a música pernambucana aos quatro cantos do mundo é motivo de muita gratidão.

 

Álbum tem faixa dedicada a Naná Vasconcelos (Ruan Pablo/DP)
Álbum tem faixa dedicada a Naná Vasconcelos (Ruan Pablo/DP)

 

“Eu me preocupo muito com essa representatividade que existe na minha música, da atual música brasileira sendo levada mundo afora. Me sinto muito grato pelas muitas pessoas que tem se conectado com a minha música e que dessa forma a gente possa celebrar a nossa existência através dela”, afirma.

 

Com colaborações internacionais que se misturam numa musicalidade brasileira, o novo álbum de jazz de Amaro Freitas é um grito para sua ancestralidade e representação. Em suas palavras, é a "importância de a gente saber a nossa história, a importância de a gente saber sobre o poder dos nossos ancestrais, a importância de a gente saber o que nós representamos, a continuidade que somos e o que desejamos projetar para as próximas gerações que estão por vir.”

 

"Y'Y" está disponível nas principais plataformas de áudio. 

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