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Cinema

Mostra gratuita reúne novidades do cinema português no Recife

Publicado em: 25/07/2019 12:25

John Form, de João Nicolau, é um drama sobre adolescentes que se interessam por um homem mais velho. Foto: Divulgação
O luso-tropicalismo, um dos conceitos célebres do sociólogo e escritor pernambucano Gilberto Freyre, descreve como os portugueses tinham uma “empatia natural” com terras e povos tropicais, um tipo de predisposição. E entre vários aspectos dessa teoria, a língua seria um dos principais elos de identidade dos países lusófonos. A Fundação Joaquim Nabuco, fundada pelo sociólogo, resgatou a teoria para montar a Mostra Inéditos do Cinema Português, realizada de hoje a domingo na unidade de Casa Forte da Fundaj (Av. Dezessete de Agosto, 2187). 

São sete longas-metragens lançados nesta década por diretores contemporâneos, mas que nunca foram exibidos no Recife. Todos trazem uma perspectiva atual do cinema português e, consequentemente, da realidade social do país. Entre as obras, documentários sobre arte ou regiões desprezadas, dramas que mostram como a crise econômica cria conflitos nas famílias, entre outros temas que conseguem fazer paralelo com a realidade brasileira. O festival de curta duração é gratuito e faz parte das comemorações dos 70 anos da Fundaj, iniciadas no último final de semana, com lançamentos de selos comemorativos e entrega de medalhas.

Fado Camané, do cineasta português Bruno de Almeida, desvenda o processo de criação de Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos. Foto: Divulgação
Nesta quinta-feira (25), a partir das 20h, a abertura ficará por conta de Celso Stamford Gaspar, atual presidente do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco. O discurso será sobre a importância do fado na cultura portuguesa, uma temática que dialoga com o primeiro filme da programação: o documentário Fado Camané (2014), do cineasta português Bruno de Almeida. O longa-metragem desvenda o processo de criação de Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos (conhecido como Camané), uma das principais vozes do fado português na atualidade. Após a sessão, haverá um debate.

A curadoria foi realizada pela Fundaj com auxílio do Vice-Consulado de Portugal no Recife, que está completando 90 anos. “É uma oportunidade interessante, pois são coisas que não chegam aqui. Selecionamos filmes de vários gêneros, passeando entre documentário, drama e até terror, justamente para trazer uma visão plural do que está sendo produzido em um país que, culturalmente, ainda é nosso irmão”, diz Ana Farache, coordenadora do Cinema da Fundação.

Colo, de Teresa Villaverde, acompanha uma família que vive os efeitos da crise econômica que atingiu a Europa na última década. Foto: Divulgação
Nesta sexta-feira (26), às 18h20, será exibido o documentário Voltar à terra (2015), de João Pedro Plácido. A produção lança luz sobre um pequeno vilarejo no norte de Portugal que está ficando deserto devido à imigração, tendo apenas 49 habitantes. Às 20h, é a vez do drama Colo (2017), de Teresa Villaverde, ficção que acompanha uma família que vive os efeitos da crise econômica que atingiu a Europa na última década. A tensão é absorvida criando conflitos entre os parentes.

No sábado (27), às 20h, Correspondências (2016), uma co-produção de Portugal, Brasil, Grécia, Argentina e França, é um filme-ensaio no qual a realizadora, Rita Azevedo Gomes, encena a correspondência de 20 anos entre dois amigos: Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa que ficou em Portugal durante a era do estadista António de Oliveira Salazar, e Jorge de Sena, escritor português auto-exilado, primeiro no Brasil e depois nos EUA, que buscava liberdade diante do autoritarismo. No domingo (28), duas sessões. A primeira é John Form (2015), de João Nicolau, um drama sobre adolescentes que se interessam por um homem mais velho, e a segunda é o terror dramático A floresta das almas perdidas (2016), de José Pedro Lopes. 

“Acredito que Portugal tem feito um cinema instigante e forte, que mesmo muito preso às raízes da língua está despontando no mundo, apesar de vir pouco para o Nordeste. É um cinema que vale a pena adentrar, conhecer, debater. Porque, além de tudo o que proporciona, tem muita coisa a ver com o nosso modo de sentir, de ver o mundo, ou até mesmo de analisar de formas diferentes como a agente se aproxima de outras culturas”, finaliza Farache.

PROGRAMAÇÃO

Quinta-feira (25)
20h Fado Camané, de Bruno de Almeida

Sexta-feira (26)
18h20 Voltar à terra, de João Pedro Plácido
20h Colo, de Teresa Villaverde

Sábado (27)
20h Correspondências, de Rita Azevedo Gomes 

Domingo (28)
18h30 John From, de João Nicolau 
20h20 A floresta das almas perdidas, de José Pedro Lopes
 
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