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COLUNAS

REINVENÇÕES SUSTENTÁVEIS

Governos com soluções sistêmicas

Publicado em: 25/02/2019 07:48

Foto: Paulo Paiva/DP
Em um mundo cada dia mais complexo e interdependente, os problemas parecem crescer, se multiplicar e nos cercar por todos os lados. Poluições, doenças, desigualdades, violências e crises diversas explodem simultaneamente e precisam ser revertidas, com urgência, exigindo sociedade ativa e governos inovadores, eficientes e interconectados. Mas, diante de pesadas burocracias, poucos recursos e práticas políticas tão antigas, como fazer governos assim? 

O caminho é ampliar visões, buscar conhecimentos e inovar radicalmente. Com olhar sistêmico, novos paradigmas e metodologias avançadas de planejamento e gestão pública, para cuidar de tudo harmonicamente. 

Os 17 ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - da ONU, aprovados por 193 países, com 169 metas interrelacionadas a serem cumpridas até 2030, são as melhores referências atuais para guiar novos modelos de políticas públicas integradas. Visam erradicar a pobreza, promover a paz e assegurar vida digna para todos, respeitando a diversidade e os limites ecológicos do planeta. É um plano global para governos, sociedade, empresas e... para você. 

Os ODS são a nova carta de navegação da humanidade, rumo a um futuro mais equilibrado e inclusivo. Servem para guiar qualquer organização pública ou privada. Mas o grande desafio é implantar e gerenciar seus múltiplos processos e metas, que se entrelaçam em tempo real, envolvendo tudo o que é importante: água, energia, educação, agricultura, indústria, mobilidade, meio ambiente, habitação, saneamento, clima, justiça, diplomacia, cultura... 

O sucesso de uma governança sistêmica, com visão estruturada do todo, depende de propósitos comuns de governos, ONGs, empresas, instituições acadêmicas, além de indivíduos bem informados. E para impulsionar um efetivo desenvolvimento sustentável, em larga escala, é preciso modelar uma nova economia de baixo carbono, inclusiva, criativa e circular. Mas como articular e integrar tantas ações multissetoriais e dispersas? Como implantar processos de alto impacto e gerenciar tudo isso, ao mesmo tempo, com máxima proatividade de todos? 

O Projeto uPlanet, do Recife, propõe uma plataforma facilitadora e simples, que: (1) liste os grandes problemas (locais, regionais, nacionais ou globais); (2) associe seus respectivos ODSs; (3) reúna políticas públicas e projetos afins (ações práticas e soluções, por ODS) e (4) possibilite o engajamento sinérgico de órgãos públicos, empresas, ONGs, universidades e pessoas (otimizando recursos e potencializando resultados). Enfim, um canal simples para mostrar soluções, fomentar iniciativas e agregar apoios, com visão interligada. 

A plataforma possibilitaria uma perspectiva global e local (por cidade), reunindo indicadores e relacionando quem, como e o que está sendo feito para resolver grandes demandas atuais (sobretudo as locais, perto de você). Reuniria links para informações e ferramentas mais específicas de gestão dos ODS. Como o SDG Compass (guia para empresas - pactoglobal. org.br/), a Filantropia ODS Brasil (integrador de institutos e fundações - gife.org.br) e a plataforma do IBGE (para acompanhar indicadores nacionais - ods.ibge.gov.br). 

O uPlanet tem uma metodologia para implantar, com rapidez e praticamente sem custos, um modelo de gestão sistêmica em prefeituras e outras instituições, integrando ações práticas com os ODS e focando em resultados urgentes para a população. Para se construir uma sociedade sustentável é preciso conhecer os desafios e as soluções disponíveis, com visão clara do conjunto. Estruturar e simplificar isso para a sociedade é papel estratégico dos governos do século 21.

Gestores (públicos e privados), precisam saber quais problemas mais atrasam o desenvolvimento da sua região e o que suas organizações devem fazer pra revertê-los. A sociedade informada fica mais preparada e motivada para um amplo engajamento. As novas tecnologias digitais podem promover agilidade e transparência necessárias a essa interação multilateral. 

Para cumprir essa gigantesca agenda é urgente incorporar inovações nos processos de investimentos públicos e obtenção de resultados. No ritmo atual, a sustentabilidade (social, econômica e ambiental) perderá a corrida para as mudanças climáticas, criando um cenário ainda mais difícil, caro e, provavelmente, irreversível. Hoje, licitações, por exemplo, focam em objetos tão detalhados, que inviabilizam ideias criativas. É preciso uma nova lógica, focada no desempenho final e não no controle exagerado dos meios. Novos instrumentos, mais flexíveis, estão surgindo, como os “contratos de impacto social”, em que os pagamentos aos fornecedores de serviços públicos são feitos sobre resultados socioambientais concretos, com metas e indicadores fáceis de medir.

Ideal é modernizar a lei, possibilitando que os governos definam orçamento para resolver grandes problemas públicos e abram concorrências para selecionar as melhores soluções inovadoras – com metas transparentes e mensuráveis – pagando pelos resultados alcançados, dentro do valor predefinido. 

A liberdade para inovar catalisa soluções inéditas e agiliza evoluções, possibilitando resolver problemas e, ao mesmo tempo, impulsionar uma economia criativa e conectada com os desafios civilizatórios. Mudar o olhar sempre muda o futuro.

* Sérgio Xavier é jornalista, com formação em Comunicação Social, Telecomunicações e Eletrônica. É empreendedor de inovação tecnológica (InovSi - Porto Digital) e desenvolvedor de projetos de Economia Circular e Gestão da Sustentabilidade. É ativista ambiental e foi Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco.
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