Diario de Pernambuco
Diario de Pernambuco
Digital Digital Digital Digital
Digital Digital Digital Digital
COLUNAS

Empreendedorismo social

A tragédia e a frustração

Publicado em: 08/02/2019 07:45 | Atualizado em: 08/02/2019 09:31

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

As últimas duas semanas foram muito intensas, numa ponte aérea Recife-Brumadinho. Desde aquela trágica sexta-feira, 25 de janeiro, mais de cinco mil pessoas se cadastraram na plataforma Transforma Brasil para ajudar a pequena cidade, de apenas 30 mil habitantes, a se reerguer diante da maior tragédia do país. Eram voluntários de diversas áreas: médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, veterinários, ou simplesmente pessoas dispostas a limpar as casas, separar donativos, distribuir cestas básicas ou contar histórias para as crianças.

Em desastres como este de Brumadinho, a primeira coisa a ser feita, por qualquer organização que atua com voluntariado, é procurar os agentes do Estado, Igreja, comunidade, governo, empresas, para que juntos possamos construir o protocolo de atuação e efetiva conexão entre necessidades e serviços prestados. Infelizmente, no entanto, não tivemos nenhuma resposta dos atores que procuramos para entender as demandas onde os voluntários poderiam ser úteis. Assim, não foi possível convocar todos os inscritos para ajudar. Um verdadeiro desperdício!

Mas, não vamos desistir. Vamos seguir ligando, cobrando, tentando. Seguimos à disposição de todos os agentes locais e nacionais, para contribuirmos imediatamente. Já são 157 mortos e mais de 180 desaparecidos durante essa tragédia. As famílias precisam do nosso apoio, ajuda e conforto. 

Mesmo sem apoio dos principais atores da sociedade, decidimos agir no território. Em duas semanas, junto com mais de 1.000 voluntários do Brasil inteiro, arregaçamos as mangas e realizamos diversas ações. Distribuímos rosas e abraços para parentes de vítimas durante a missa de sétimo dia; cuidamos dos bombeiros que dedicam a vida para procurar as vítimas para que eles saibam o quanto o Brasil é grato a eles; abraçamos as crianças, tirando elas desse caos, causado pela imperícia e cobiça dos adultos, que afetou tanto a vida delas como a de suas famílias. 

Sempre atuando em rede, firmando parceria com outros agentes sociais - Ong E-Missão e projeto Pelo Horizonte, também distribuímos mais de 10 toneladas de alimentos, distribuímos mais de 1.000 litros de água, entregamos mais de 500 cestas básicas e percorremos mais de 5.000 quilômetros a pé, de carro, de ônibus e de avião.

O trabalho que o Transforma Brasil tem experiência e estrutura para fazer, é a articulação de iniciativas sociais locais e/ou presentes na localidade para um trabalho em rede, trazendo o protagonismo para todos e não apenas para um ator. Vamos continuar aproximando e conectando todos os atores, respeitando as necessidades e demandas da população. 

Estamos comprometidos em continuar atuando e estimulando a atuação em rede, acreditando que só um Estado inclusivo e colaborativo pode amenizar os vários problemas sociais do país através da participação voluntária do cidadão. Seguimos à disposição de todos os agentes locais e nacionais, para contribuirmos imediatamente.

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
 

* Fábio Silva é empreendedor social, criador da ONG Novo Jeito, do Porto Social, e das plataformas Transforma Recife e Transforma Brasil
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Consulado da RPCh no Recife tem nova cônsul-geral
Mergulho no Brasil é uma possibilidade para os turistas chineses
Cenas da China aparecem em meio ao barroco brasileiro e intrigam pesquisadores
Trinta anos de amor de um brasileiro pelo kung fu chinês
Grupo Diario de Pernambuco