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CASO RARO

"Gêmeos aranha": siameses que nasceram com sete membros passam por cirurgia

Os irmãos siameses nasceram na Indonésia. O procedimento ocorreu para que eles conseguissem ficar sentados

Publicado em: 16/05/2024 17:35


A cirurgia ocorreu quando os gêmeos tinham três anos de idade (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)
A cirurgia ocorreu quando os gêmeos tinham três anos de idade (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)

Um caso que ocorre uma vez a cada dois milhões de nascimentos. Dois meninos siameses de 3 anos de idade, nascidos na Indonésia, apresentam uma formação rara: o corpo deles é fundido na região da pelve. Os gêmeos têm duas pernas separadas por uma genitália masculina e um ânus, quatro braços separados e uma perna fundida — que pode ser movida e sentida pelos dois.

 

Os órgãos internos também são compartilhados: apenas uma bexiga, um intestino e um reto. Com isso, eles são um tipo de gêmeos siameses considerados inseparáveis. O caso extremamente raro foi publicado no jornal científico American Journal of Case Reports, na terça-feira (14), com detalhes surpreendentes da complexa cirurgia que eles passaram para conseguirem ficar sentados — como a posição dos troncos dos gêmeos era horizontal, eles não conseguiam se sentar ou ficar em pé. 

  

Antes dos gêmeos, os pais tiveram dois filhos, sem anomalias congênitas. A gestação dos siameses ocorreu sem problemas. No entanto, quando eles nasceram e a anomalia foi identificada, os pais raramente os levavam para exames hospitalares, já que moravam em uma área rural.

 

A gravidez dos siameses ocorreu sem problemas. A mãe só descobriu a anomalia no parto (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)
A gravidez dos siameses ocorreu sem problemas. A mãe só descobriu a anomalia no parto (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)
 

 

A operação ocorreu no Hospital Geral Hasan Sadikin, em Bandung, na Indonésia, e só recebeu autorização após diversas reuniões do Comitê de Ética da unidade com os pais dos meninos. “A raridade de gêmeos siameses ischiopagus tripus dificulta a separação cirúrgica, pela falta de casos e alta complexidade”, informam os médicos no relatório da cirurgia.

 

A operação teve como objetivo a desarticulação da perna fundida, seguida de uma correção no alinhamento do tronco por meio de uma osteotomia pélvica em cunha fechada e fixação interna. “Reconstruímos a pelve com sucesso usando placas bloqueadas e parafusos corticais adicionais de 3,5 mm e fio de aço inoxidável de 1,2 mm”, informa o relatório médico. 

 

O procedimento foi realizado por três cirurgiões ortopedistas. "O tempo intraoperatório e o volume de sangramento não foi além do esperado e não ocorreram complicações pós-operatórias", informa o relatório médico.

 

Eles precisaram ser acompanhados por três meses após a cirurgia, mas o resultado foi satisfatório. "Foi observada melhora na mobilidade, pois ambos os pacientes conseguiram flexionar a parte superior do tronco", diz o relatório.

 

Um dos objetivos da cirurgia era ajudar os gêmeos a conseguir ficar sentados (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)
Um dos objetivos da cirurgia era ajudar os gêmeos a conseguir ficar sentados (foto: Reprodução/American Journal of Case Reports)
 

 

 

Fatores de risco para gestação de siameses

 

De acordo com os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Sriwijaya, na  Indonésia, há vários fatores de risco relacionados com a gestação de gêmeos siameses, como o consumo de álcool, uso de drogas teratogênicas, falta de ácido fólico durante a gravidez e, principalmente, exposição à radiação ou produtos químicos e histórico familiar. 

 

“Há duas teorias aceitáveis sobre a possível fisiopatologia de gêmeos siameses. A primeira é a teoria da fissão, que se baseia em uma divisão incompleta durante o desenvolvimento embrionário. A segunda é a teoria da fusão, que afirma que há uma fusão secundária de gêmeos monozigóticos”, informam os pesquisadores da universidade à American Journal of Case Reports.

 

 

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