Fênomeno
Pesquisadores estudam ocorrência de raios invertidos no Brasil
Por: Agência Brasil
Publicado em: 03/10/2019 19:21
![]() |
No Brasil, esses raios estão sendo observados em locais como na região da Avenida Paulista e no Pico do Jaraguá, em São Paulo, onde há muitas torres instaladas. Só no Pico do Jaraguá, a frequência desse tipo de raios costuma ser de 40 a 50 ocorrências por ano. A maior parte dos raios ascendentes (invertidos) no Brasil ocorre principalmente na transição da primavera para o verão e do verão para o outono.
O estudo é feito no Brasil, nos Estados Unidos e na África do Sul. No Brasil, ele vem sendo tocado por pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Em entrevista à Agência Brasil, Marcelo Magalhães Fares Saba, pesquisador do Inpe e coordenador do projeto, disse que esse tipo de raio passou a existir à medida que o homem foi colocando ou construindo estruturas altas na superfície terrestre como torres de telecomunicações, torres de celular ou arranha-céus.
%u201CNormalmente os raios saem de cima para baixo, saem da nuvem e vem para o solo. Estávamos procurando no Brasil algum lugar em que os raios acontecessem de forma contrária, saíssem do solo e fossem para a nuvem. O raio sempre começa com uma descarga, que vai se alongando até chegar no solo ou ele começaria no solo, o que é mais surpreendente. Nesse caso, você tem uma torre alta, um prédio alto, e na ponta desse prédio ou dessa torre se inicia a descarga. Para isso precisamos ter uma nuvem de tempestade por perto%u201D, explicou Saba.
Para a observação desses raios %u201Cinvertidos%u201D, os pesquisadores utilizaram câmeras fotográficas digitais e de vídeo de alta velocidade, além de medidores de campo elétrico e de luminosidade e uma câmera de ultra alta velocidade. Os resultados dessas observações e análises indicaram que os raios descendentes positivos - aqueles que tocam o solo e que deixam um saldo de carga negativa na nuvem %u2013 é que permitem a incidência dos raios ascendentes (ou invertidos).
A primeira vez que um raio ascendente foi observado e filmado no Brasil foi em 2012, no Pico do Jaraguá. Os pesquisadores descobriram que para que esses raios ocorram no Brasil é preciso ocorrer antes um raio descendente. %u201CO processo que temos visto é que, quando o raio normal cai no solo, ele deixa uma falta de cargas positivas na nuvem, ou seja, introduz cargas negativas na nuvem. Essas cargas negativas na nuvem, se a perturbação for rápida e suficiente, eles provocam na torre um súbito aumento do campo elétrico e essa mudança rápida no campo elétrico do alto da torre é que produz o início da descarga para cima%u201D, explicou Saba.
Também é preciso, segundo ele, que ocorra um tipo de nuvem grande e horizontal, que produz os raios chamados positivos. %u201CEsse raio positivo, quando toca o solo, ele deixa um excesso de carga positiva na Terra e um excesso de carga negativa na nuvem%u201D, falou.
Segundo Saba, os raios ascendentes não apresentam risco de atingir humanos, já que são originados na ponta das torres de energia ou de telecomunicações. Mas podem causar danos à estrutura dessas torres.
Mais notícias
Mais lidas
ÚLTIMAS