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Crescimento descontrolado de algas no Atlântico preocupa cientistas

Publicado em: 05/07/2019 11:48

Brian Lapointe, Ph.D., Florida Atlantic University's Harbor Branch Oceanographic Institute/Divulgação
Com a ajuda de satélites da Agência Espacial Americana, a Nasa, cientistas encontraram a maior floração de macroalgas do mundo, nomeada de Grande Cinturão do Sargassum Atlântico (GASB, em inglês). Por meio de simulações, a equipe descobriu por que ela cresceu tanto e prevê um aumento ainda maior, o suficiente para cobrir a superfície do Oceano Atlântico tropical da costa oeste da África até o Golfo do México.

A situação, descrita na edição desta semana da revista Science, acende um sinal de alerta. As microalgas contribuem para a saúde dos oceanos, fornecendo habitat para tartarugas, caranguejos, peixes e pássaros e produzindo oxigênio via fotossíntese para outras plantas. “No oceano aberto, Sargassum fornece grandes valores ecológicos, servindo como habitat e refúgio para vários animais marinhos. Eu vi frequentemente peixes e golfinhos em torno desses tapetes flutuantes”, frisa Chuanmin Hu, pesquisador da Faculdade de Ciências Marinhas da Universidade da Flórida do Sul, nos Estados Unidos, e integrante do estudo.

Mas quando presentes em excesso, muitas dessas algas dificultam a movimentação e a respiração de animais marinhos, especialmente quando lotam as costas, podendo sufocar corais e ervas marinhas. Na praia, o gás sulfídrico liberado pelas algas, que cheira a ovos podres, pode gerar problemas de saúde para pessoas com asma, por exemplo.

Até 2011, a maior parte do GASB se encontrava em áreas ao redor do Golfo do México e do Mar Sargasso, que está localizado na borda oeste do Oceano Atlântico central. Depois, as populações de algas começaram a explodir em novos lugares, alcançando gigantescas lagoas que sufocaram as costas.

Insumos
Segundo os autores do estudo, dois insumos básicos de nutrientes estão envolvidos no processo de crescimento das estruturas marinhas: um derivado de origem humana e outro natural. Na primavera e no verão, a descarga do Rio Amazonas adiciona nutrientes ao Oceano Atlântico, e esses nutrientes podem ter aumentado nos últimos anos devido ao crescimento do desmatamento e do uso de fertilizantes.

No inverno, por sua vez, a ressurgência da costa da África Ocidental fornece nutrientes de águas profundas para a superfície do oceano, onde o Sargassum cresce. “A evidência para o enriquecimento de nutrientes é preliminar e baseada em dados de campo limitados e outros dados ambientais. Por isso, precisamos de mais pesquisas para confirmar essa hipótese”, ressalta, em comunicado, Chuanmin Hu, pesquisador da Faculdade de Ciências Marinhas da Universidade da Flórida do Sul, nos Estados Unidos. “Por outro lado, com base nos últimos 20 anos de dados, posso dizer que é muito provável que essas sejam as causas desse crescimento”, complementa
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