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Cientistas identificam espécie de urso capaz de imitar expressões faciais

Publicado em: 23/03/2019 09:27

%u201CImitar as expressões faciais de outras pessoas de maneira exata é um dos pilares da comunicação humana. Outros primatas e cães são conhecidos por imitar um ao outro, mas apenas grandes macacos e humanos. Agora, os ursos-do-sol mostram tal complexidade em seu mimetismo facial%u201D, diz Marina Davila-Ross, um dos autores do estudo. %u201CComo eles parecem ter comunicação facial de tamanha complexidade e por não possuírem um elo evolucionário especial com humanos, como os macacos, nem tenham sido domesticados, como os cães, estamos confiantes de que essa forma mais avançada de mimetismo está presente em várias outras espécies. O mais surpreendente é que o urso-do-sol não é um animal social. Na natureza, é um animal relativamente solitário. Então, isso sugere que a capacidade de se comunicar por meio de expressões faciais complexas pode ser um traço penetrante nos mamíferos%u201D, afirma, acrescentando que é necessário investigar a questão mais a fundo.

Contatos espontâneos

O mimetismo facial ocorre quando um animal responde à expressão facial de outro, imitando esses gestos ou os reproduzindo de forma similar. Derry Taylor, coautor do trabalho, codificou as expressões em 22 ursos-do-sol, durante sessões sociais espontâneas. Os espécimes, com idades entre 2 e 12 anos, foram alojados no Centro de Conservação Bornean Sun Bear, na Malásia, onde os recintos eram grandes o suficiente para permitir que eles escolhessem se queriam interagir ou não.

Apesar da preferência dos ursos na vida selvagem por um estilo solitário, os incluídos no estudo participaram de centenas de brincadeiras uns com os outros. Durante esses encontros, a equipe de pesquisa codificou duas expressões distintas %u2014 uma envolvendo uma exibição dos dentes incisivos superiores e outra sem. Os animais eram mais propensos a imitar os outros durante as interações mais suaves, sem indícios de brigas, algo que pode ocorrer durante essas brincadeiras. Taylor diz que uma imitação tão sutil pode ocorrer para ajudar dois ursos a sinalizar que eles estão prontos para brincar mais ou para fortalecer os laços sociais.

%u201CAcredita-se que só encontramos formas complexas de comunicação em espécies com sistemas sociais complexos. Como os ursos-do-sol são uma espécie em grande parte solitária, nosso estudo da comunicação facial questiona essa crença, porque mostra uma forma complexa de comunicação que, até agora, era conhecida apenas em espécies mais sociais%u201D, afirma a pesquisadora. %u201COs ursos-do-sol são uma espécie indescritível na natureza e sabemos muito pouco sobre eles. Sabemos que vivem em florestas tropicais, comem quase tudo e que, fora da estação de acasalamento, os adultos têm pouco a ver um com o outro. Isso é o que torna esses resultados tão fascinantes %u2014 eles são uma espécie não social que, quando face a face, podem se comunicar com sutileza e precisão.%u201D

Os ursos-do-sol, também conhecidos como ursos-de-mel, medem de 120 a 150 cm de altura e pesam até 80 kg. Eles estão em perigo de extinção e vivem nas florestas tropicais do sudeste da Ásia. O número de espécimes está diminuindo devido ao desmatamento, à caça furtiva e ao assassinato por parte de fazendeiros, que os matam por eles comerem plantações. Cada vez mais, fêmeas são mortas para que seu filhote possam ser levado e criado como animais de estimação ou mantidos em cativeiro como %u201Cursos biliares%u201D %u2014 a bile é colhida para uso em alguns remédios chineses.

"O mais surpreendente é que o urso-do-sol não é um animal social (%u2026) Isso sugere que a capacidade de se comunicar por meio de expressões faciais complexas pode ser um traço penetrante nos mamíferos%u201D
Marina Davila-Ross, pesquisadora da Universidade de Portsmouth
 
Os menores ursos do mundo podem imitar exatamente a expressão facial de outros indivíduos da espécie, colocando em dúvida a supremacia de homens e demais primatas nesse tipo de comunicação sutil. Pela primeira vez, o comportamento foi visto fora da espécie humana e de grupos de gorilas, segundo um estudo da Universidade de Portsmouth publicado na revista Scientific Reports. 

Os cientistas estudaram os ursos-do-sol — uma espécie solitária na natureza, mas também surpreendentemente divertida — por mais de dois anos. Eles descobriram que esses animais podem usar expressões faciais para se comunicar com os outros de forma semelhante aos humanos e aos macacos, sugerindo que outros mamíferos também sejam mestres dessa complexa habilidade social e, além disso, tenham um grau de sensibilidade social.
 
 “Imitar as expressões faciais de outras pessoas de maneira exata é um dos pilares da comunicação humana. Outros primatas e cães são conhecidos por imitar um ao outro, mas apenas grandes macacos e humanos. Agora, os ursos-do-sol mostram tal complexidade em seu mimetismo facial”, diz Marina Davila-Ross, um dos autores do estudo. “Como eles parecem ter comunicação facial de tamanha complexidade e por não possuírem um elo evolucionário especial com humanos, como os macacos, nem tenham sido domesticados, como os cães, estamos confiantes de que essa forma mais avançada de mimetismo está presente em várias outras espécies. O mais surpreendente é que o urso-do-sol não é um animal social. Na natureza, é um animal relativamente solitário. Então, isso sugere que a capacidade de se comunicar por meio de expressões faciais complexas pode ser um traço penetrante nos mamíferos”, afirma, acrescentando que é necessário investigar a questão mais a fundo.

Contatos espontâneos

O mimetismo facial ocorre quando um animal responde à expressão facial de outro, imitando esses gestos ou os reproduzindo de forma similar. Derry Taylor, coautor do trabalho, codificou as expressões em 22 ursos-do-sol, durante sessões sociais espontâneas. Os espécimes, com idades entre 2 e 12 anos, foram alojados no Centro de Conservação Bornean Sun Bear, na Malásia, onde os recintos eram grandes o suficiente para permitir que eles escolhessem se queriam interagir ou não.

Apesar da preferência dos ursos na vida selvagem por um estilo solitário, os incluídos no estudo participaram de centenas de brincadeiras uns com os outros. Durante esses encontros, a equipe de pesquisa codificou duas expressões distintas — uma envolvendo uma exibição dos dentes incisivos superiores e outra sem. Os animais eram mais propensos a imitar os outros durante as interações mais suaves, sem indícios de brigas, algo que pode ocorrer durante essas brincadeiras. Taylor diz que uma imitação tão sutil pode ocorrer para ajudar dois ursos a sinalizar que eles estão prontos para brincar mais ou para fortalecer os laços sociais.

“Acredita-se que só encontramos formas complexas de comunicação em espécies com sistemas sociais complexos. Como os ursos-do-sol são uma espécie em grande parte solitária, nosso estudo da comunicação facial questiona essa crença, porque mostra uma forma complexa de comunicação que, até agora, era conhecida apenas em espécies mais sociais”, afirma a pesquisadora. “Os ursos-do-sol são uma espécie indescritível na natureza e sabemos muito pouco sobre eles. Sabemos que vivem em florestas tropicais, comem quase tudo e que, fora da estação de acasalamento, os adultos têm pouco a ver um com o outro. Isso é o que torna esses resultados tão fascinantes — eles são uma espécie não social que, quando face a face, podem se comunicar com sutileza e precisão.”

Os ursos-do-sol, também conhecidos como ursos-de-mel, medem de 120 a 150 cm de altura e pesam até 80 kg. Eles estão em perigo de extinção e vivem nas florestas tropicais do sudeste da Ásia. O número de espécimes está diminuindo devido ao desmatamento, à caça furtiva e ao assassinato por parte de fazendeiros, que os matam por eles comerem plantações. Cada vez mais, fêmeas são mortas para que seu filhote possam ser levado e criado como animais de estimação ou mantidos em cativeiro como “ursos biliares” — a bile é colhida para uso em alguns remédios chineses.

"O mais surpreendente é que o urso-do-sol não é um animal social (…) Isso sugere que a capacidade de se comunicar por meio de expressões faciais complexas pode ser um traço penetrante nos mamíferos”
Marina Davila-Ross, pesquisadora da Universidade de Portsmouth
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