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Uma em cada seis mulheres terá câncer em algum momento da vida

Teste genético revela diagnóstico e ajuda ao antecipar predisposição a câncer hereditário

Publicado em: 31/12/2018 11:58 | Atualizado em: 31/12/2018 14:05

Foto: EBC/Reprodução

Enxergar o câncer a partir de novas perspectivas e, assim, quebrar o estereótipo de que todo câncer é uma sentença de morte. Com esse intuito, especialistas se reuniram em um evento organizado pela biofarmacêutica global AstraZeneca, em São Paulo, para discutir o avanço das tecnologias na área.  Atualmente, por exemplo, é possível que uma pessoa diagnosticada com câncer utilize métodos que impeçam a queda de cabelo, além disso, há como antecipar e saber, através de um teste genético, se uma pessoa tem predisposição a ter câncer hereditário. Apesar das novidades positivas, dados mais recentes do relatório da Agência Nacional de Pesquisa Contra o Câncer, vinculada à Organização Mundial de Saúde (OMS), informam que uma em cada seis mulheres terá câncer em algum momento da vida.  

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados mais de 59 mil casos de câncer de mama no Brasil em 2018.  Mais raro e agressivo, a expectativa é que seis mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de ovário no país. Somente neste ano, Pernambuco tem uma taxa estimada de 53,12 casos de neoplasia maligna da mama feminina para cada 100 mil mulheres, enquanto a expectativa de neoplasia maligna do ovário são de 6,28 casos para cada 100 mil mulheres. Os dois tipos de câncer (mama e ovário)  podem ser causados por diversos fatores, como estilo de vida, idade avançada  e também uma predisposição genética passado de pai ou mãe para filha. 

Os testes genéticos buscam por alterações específicas herdadas (mutações) nos cromossomos, genes ou proteínas de uma pessoa. Simples de ser realizado, por meio de amostras de sangue e saliva, os testes para a mutação nos genes BRCA 1 e 2  ficaram mundialmente conhecidos após a atriz Angelina Jolie decidir tirar os ovários e mamas devido ao histórico familiar com grande probabilidade de desenvolver tumores nesses órgãos.  A predisposição hereditária responde por entre 5 a 15% dos casos de câncer, mas quem possui a mutação nos genes BRCA possui 40% mais chances de ter cânceres femininos, como de mama ou ovário.

Oncogeneticista Rodrigo Guindalini. Foto: Fabiano Feijó/Divulgação

De acordo com o oncologista especialista em oncogenética e coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Português de Salvador, Rodrigo Guindalini, os genes BRCA 1 e 2 impedem a proliferação de células tumorais e agem como freios para prevenir o desenvolvimento. “Quando um desses genes sofre uma mutação, ele perde sua capacidade protetora, deixando o organismo mais suscetível ao surgimento de tumores malignos, especialmente de mama e ovário”, comenta o especialista.
 
Diferentemente do que é pensado, o exame de teste genético não é inacessível como parece ser e já está presente em diversos planos de saúde e convênios.  "Para quem não tem o serviço disponível e deverá pagar o exame, o valor em média do teste genético é de R$ 1.500 mil. Parece ser caro, mas antecipar o diagnóstico termina resultando um benefício maior. Temos casos de familiares que juntaram a quantia e pagaram para um parente" afirmou o médico.  O Sistema Único de Saúde (SUS)  não cobre o procedimento.

Em média um a cada dez tumores são hereditários. O oncogeneticista alerta que "vários familiares com a mesma doença, múltiplos câncer primário no mesmo indivíduo são algumas das suspeitas que demandam atenção". Rodrigo Guindalini reforça ainda que mutação não é a doença e sim a predisposição a ter câncer. Ele também trouxe dados informando que de 12% das mulheres que vivem até 90 anos terão câncer de mama. Destes casos, 10% estão associados a mutações genéticas.  

Os testes genéticos são aliados para identificar as mutações e traçar a melhor estratégia de prevenção e tratamento. Para Guindalini, é extremamente importante identificar  o paciente que faz parte dos 10% que tem o câncer de mama associado a mutações genéticas. "Primeiro que você vai saber o que motivou o paciente desenvolver a doença. E além disso, uma vez que você identifica muda totalmente a vida da pessoa e dos familiares que tenham a mesma predisposição", avalia.

Outro avanço tecnológico é o de preservação dos fios do cabelo por meio de crioterapia. Diagnosticada com câncer de mama em 2015, a ex-apresentadora do canal MTV, Sabrina Parlatore, também estava no encontro e comentou como foi a descoberta da doença. Segundo Parlatore, um ano antes de ter a certeza do diagnóstico, um médico negligenciou um autoexame afirmando que o que foi encontrado não era nada demais. “A primeira coisa que pensei quando recebi a notícia de que teria que fazer a quimioterapia era que eu ficaria careca”.

Para ela, o apoio de amigos e familiares foi essencial na luta contra a doença. "Tive muita sorte de estar rodeada por amizades verdadeiras e familiares que me apoiaram. Vivia contando os dias que já tinham passado e esperando o momento que acabaria com o tratamento" afirmou. Sobre a técnica de crioterapia,  ela contou que conseguiu preservar os fios por meio do resfriamento do couro cabeludo.  "Sentia o meu couro cabeludo congelar, tive até dor de cabeça em algumas sessões, mas aguentei firme", contou a ex-apresentadora.
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