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Pernambucana é a única do Norte/Nordeste a ganhar prêmio 'Para Mulheres na Ciência'
Nathalia Bezerra de Lima é graduada, mestre e doutora em química pela Universidade Federal de Pernambuco
Por: Ketheryne Mariz
Publicado em: 05/10/2018 22:00 | Atualizado em: 05/10/2018 22:41
O conhecimento tem que ser compartilhado. É nessa frase que a pernambucana graduada, mestre e doutora em química, Nathalia Bezerra de Lima, acredita. Ela é pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e está entre as sete jovens pesquisadoras premiadas na 13ª edição do “Para Mulheres na Ciência”, programa desenvolvido pela L´Oréal Brasil em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) em prol da igualdade de gênero no ambiente científico. A premiação aconteceu nessa quinta-feira (4), no Rio de Janeiro.
Cada vencedora recebeu uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil para dar prosseguimento aos estudos. Com esse valor, a pernambucana pretende aprofundar mais, e compartilhar com jovens cientistas, o assunto que a levou a ganhar a premiação: cimento. Para isso, a cientista irá utilizar técnicas como microscopia de fluorescência e química quântica para análise das reações envolvidas na degradação do cimento.
A pesquisa de Nathalia visa contribuir para um problema enfrentado por consumidores e produtores do cimento: o período de validade do produto, que de uma forma geral, tem prazo de apenas 90 dias. "Quando o cimento estraga não é possível utilizá-lo nas obras, porque a resistência diminui, então isso gera um prejuízo econômico. O nosso plano é trazer a química pura para saber o motivo do produto se degradar tão rápido ainda mais no Norte e no Nordeste do país, para quando garantirmos os 90 dias estendermos esse tempo", detalha.
O interesse em cimento começou quando no início do pós doutorado, um aluno de engenharia civil pediu ajuda com a monografia. "Acredito que o conhecimento deve ser compartilhado e tentei de alguma fora contribuir com os estudos dele. Quando comecei a ler sobre o concreto, cimento, me apaixonei", disse a cientista.
O estudante que pediu ajuda a Nathalia, trabalhava em uma fábrica de cimento e foi ele quem apresentou ela ao dono da empresa. O resultado é a descoberta que tanto a indústria quanto a academia podem ser beneficiadas pelo trabalho em conjunto. Atualmente, a empresa fornece ao laboratório os materiais necessários para o estudo e, em contrapartida, pode usar as soluções desenvolvidas pelos cientistas em suas atividades.
Entre dois universos predominantemente masculinos, o da ciência e o da engenharia civil, a pernambucana revelou que não sentiu-se intimidada por ser mulher, mas que precisou, diversas vezes provar o quanto era boa no que escolheu para vida.
"Ouvi muitas vezes que era nova demais, que precisava de mais experiência. Quando olhava para o lado sentia que para cada 10 homens havia apenas uma mulher e era eu. Mas nunca desisti, sempre soube o que queria", afirma. Ela conta também que nunca perdeu nada pela Ciência apenas ganhou. "Teve períodos que passava 14 horas dentro de um laboratório, mas se pudesse passaria até mais".
"Ouvi muitas vezes que era nova demais, que precisava de mais experiência. Quando olhava para o lado sentia que para cada 10 homens havia apenas uma mulher e era eu. Mas nunca desisti, sempre soube o que queria", afirma. Ela conta também que nunca perdeu nada pela Ciência apenas ganhou. "Teve períodos que passava 14 horas dentro de um laboratório, mas se pudesse passaria até mais".
A química, que neste ano, foi a única mulher do Norte/Nordeste a ganhar o prêmio, se inscreveu pela primeira vez e acreditava que poderia conquistar a premiação em alguns anos, mas que não tinha expectativa de que ocorresse agora. Sobre o momento em que soube que tinha sido escolhida foi enfática. "Fiquei estarrecida. Parecia que tinha ganhado um Oscar".
Com o dinheiro que ganhou, ela pretende contribuir na formação de novas jovens cientistas. A intenção de Nathalia é estimular o interesse da ciência nos alunos do ensino médio de escolas púbicas do Recife e Jaboatão dos Guararapes e compartilhar com estudantes auxílio para desenvolvimento de pesquisas e logo após ajudar para publicação de artigos, além dos, que demonstrarem interesses, ir a eventos científicos.
Com o dinheiro que ganhou, ela pretende contribuir na formação de novas jovens cientistas. A intenção de Nathalia é estimular o interesse da ciência nos alunos do ensino médio de escolas púbicas do Recife e Jaboatão dos Guararapes e compartilhar com estudantes auxílio para desenvolvimento de pesquisas e logo após ajudar para publicação de artigos, além dos, que demonstrarem interesses, ir a eventos científicos.
Durante a premiação, na nova sede da L’Oréal Brasil, no Porto Maravilha, Rio de Janeiro, também estiveram no local a presidente da L’Oréal, An Verhulst-Santos, o coordenador interino de Ciências Naturais da UNESCO no Brasil, Fábio Eon e presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich.
Para Mulheres Na Ciência
Com um número recorde, a 13ª edição do “Para Mulheres na Ciência” teve registros de 524 inscrições, 34% a mais que em 2017. Além da pernambucana, as vencedoras deste ano foram: Fernanda Cruz, do Rio de Janeiro; Sabrina Lisboa e Luciana Lomonaco, de São Paulo; Angélica Vieira e Jaqueline Soares, de Minas Gerais; Ethel Wilhelm, do Rio Grande do Sul.
Elas foram escolhidas por um júri acadêmico formado por integrantes da ABC, da Unesco e da L´Oréal, que selecionaram sete pesquisas científicas entre as centenas de inscritas.
Elas foram escolhidas por um júri acadêmico formado por integrantes da ABC, da Unesco e da L´Oréal, que selecionaram sete pesquisas científicas entre as centenas de inscritas.
Sobre o recorde, a presidente da L’Oréal, An Verhulst-Santos diz que a maior quantidade de inscrições indica que existem mais mulheres entrando na ciência. "Tomara que recebamos mais inscrições na próxima edição, isso significa que há mais jovens cientistas que se mobilizam e querem ser ouvidas", exalta a presidente.
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