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MEDICAMENTO

Viagra, remédio que derrotou a disfunção erétil, completa 20 anos

Segundo especialistas, revolução sexual da pílula azul ignorou as mulheres que sofrem de disfunção e perda de libido

Publicado em: 27/03/2018 08:26 | Atualizado em: 27/03/2018 08:33

 (Reprodução/Internet)
Reprodução/Internet

Há exatamente duas décadas, uma pequena pílula azul em forma de losango virava uma verdadeira sensação. O viagra permitiu que milhões de homens voltassem a ter relações sexuais e expôs ao mundo a questão da impotência sexual, um grande tabu. Mas essa revolução sexual ignorou as mulheres que sofrem de disfunção e perda de libido. Elas ainda estão à espera de uma cura milagrosa que também lhes permita retornar a uma vida sexual gratificante, apontam os especialistas.

Cerca de 65 milhões de prescrições de Viagra, fabricado pelo laboratório americano Pfizer, foram emitidas em todo o mundo. O medicamento foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) americana em 27 de março de 1998, tornando-se o primeiro comprimido a ajudar os homens a ter uma ereção. Os benefícios desse blockbuster milagroso foram elogiados nos programas de televisão, nos jornais e revistas. Sua comercialização coincidiu com a ascensão da internet e a explosão da pornografia on-line. O léxico do marketing também mudou: não é mais uma questão de "impotência masculina", mas de "disfunção erétil", uma condição médica que agora pode ser tratada.

"Antes do viagra, as conversas sobre disfunção erétil eram embaraçosas e difíceis", lembra Elizabeth Kavaler, urologista do Hospital Lenox Hill, em Nova York. "Hoje, a sexualidade, de um modo geral, é um assunto muito presente. A disfunção tornou-se um elemento previsível em nossas vidas à medida que envelhecemos, e tenho certeza de que o viagra desempenhou um grande papel nisso", acrescenta.

Para Louis Kavoussi, diretor do Departamento de Urologia do grupo Northwell Health, o Viagra teve um impacto semelhante ao dos antibióticos no tratamento de infecções ou das estatinas na luta contra doenças cardíacas. "Foi a droga perfeita para anunciar aos consumidores - era uma espécie de remédio para o estilo de vida", diz ele.
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Mulheres

O viagra, ou citrato de sildenafil, foi desenvolvido para tratar hipertensão e angina pectoris. Mas, a partir dos primeiros testes clínicos, os homens descobriram rapidamente um efeito inesperado: a melhora de suas ereções. De US$ 15 por unidade no início, o preço subiu para mais de US$ 50. Com o lançamento no ano passado de uma versão genérica, o preço caiu para US$ 1.

Em 2015, a FDA aprovou a flansanserina - comercializada nos Estados Unidos sob o nome de Addyi -, qualificada como "viagra feminino" e apresentada como um tratamento para reviver a libido das mulheres. Entretanto, desde o seu lançamento, provoca controvérsia. Como Addyi pertence à família dos antidepressivos, as mulheres são aconselhadas a não consumir álcool ao mesmo tempo. Também custa várias centenas de dólares e pode causar efeitos colaterais significativos (náuseas, vômitos, pensamentos suicidas, etc.). "Estamos pelo menos 20 anos atrás dos homens", lamenta a urologista Elizabeth Kavaler.
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