Estudo Análise genética sobre espécies deve ajudar na preservação das girafas Segundo a pesquisa divulgada em uma revista científica, o animal conta com quatro espécies, e não apenas uma, como se pensava

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 09/09/2016 08:15 Atualizado em: 09/09/2016 08:17


A girafa-núbia, primeira a ser descrita, se torna agora uma subespécie da girafa-do-norte, uma das mais ameaçadas de extinção. Foto: Julian Fennessy/Divulgação
A girafa-núbia, primeira a ser descrita, se torna agora uma subespécie da girafa-do-norte, uma das mais ameaçadas de extinção. Foto: Julian Fennessy/Divulgação

A girafa chama a atenção entre os especialistas principalmente por duas características: sua altura e o fato de contar com apenas uma espécie. Isso acaba de mudar. Bem, ela, obviamente, continua o animal mais alto do mundo, chegando a medir 6m. Mas passa, agora, a ser dividida em quatro espécies. A mudança se deve a uma análise genética publicada ontem na revista Current Biology e deve ajudar na preservação do animal, cuja população vem caindo de forma preocupante nas últimas décadas.

Os autores do trabalho contam que foram motivados pela falta de pesquisa sobre esse mamífero, que, mesmo com características tão interessantes, é alvo de poucas investigações. “A ciência fornece novas descobertas diariamente, mas, durante anos, as girafas foram as ‘gigantes esquecidas’. Por alguma razão, elas foram ignoradas por pesquisadores durante muito tempo, apesar de sua icônica estatura. Em contraste, há muito mais estudos sobre elefantes, leões, rinocerontes e gorilas”, diz ao Correio Julian Fennessy, um dos autores do trabalho e diretor da ONG Giraffe Conservation Foundation.

Fenessy e seu parceiro de estudo — Axel Janke, geneticista da Universidade Goethe, na Alemanha — buscavam inicialmente apontar diferenças no DNA das nove subespécies que compunham a até então única espécie reconhecida. Os resultados, contudo, apontaram diferenças maiores do que esperado. “As primeiras análises de marcadores genéticos de DNA mitocondrial — uma molécula frequentemente usada nesse tipo de estudo — revelaram uma surpreendente diferença genética entre as subespécies. As distinções entre algumas foram maiores do que as existentes entre os ursos-polares e os ursos-marrons. Com isso, vimos que deveria existir mais sobre a história evolutiva desse animal”, conta o autor.

Para a produção do estudo publicado ontem, os cientistas analisaram, então, o DNA retirado de biópsias de pele de 190 girafas das mais variadas partes da África, representando as nove subespécies. A nova análise genética confirmou a diferenciação em quatro espécies: girafa-do-sul (Giraffa giraffa), girafa-masai (G. tippelskirchi), girafa-reticulada (G. reticulata) e girafa-do-norte (G. camelopardalis), que inclui a girafa-núbia, o primeiro tipo a ser descrito, cerca de 300 anos atrás, e que agora se mostra uma subespécie da girafa-do-norte.


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