Mais da metade do açúcar recomendado por dia para crianças é consumido nos lanches

As crianças brasileiras estão se alimentando mal. Essa constatação veio de um estudo da Associação Brasileira de Nutrologia, realizado com mais de 3.700 crianças de todo o País, com idades entre 4 e 11 anos. De acordo com o levantamento, apenas nos lanches, estão sendo ingeridos cerca de 70% da quantidade diária de açúcar recomendada pela Organização Mundial de Saúde, o que corresponde a um consumo anual de, aproximadamente, 5,8kg de açúcar por criança.

As consequências desse consumo elevado de açúcar vão além do aumento de peso da criançada. De acordo com a nutricionista infantil Amanda Guimarães, a obesidade é apenas uma das várias consequências enfrentadas. “Além do ganho de peso, há o risco de diabetes e de alterações nos triglicerídios e colesterol, resistência a insulina e intolerância a glicose”, explicou.

A ingestão do açúcar se dá através de alimentos industrializados, frituras, pizza, balas, refrigerantes e sucos adoçados. Apenas com o refrigerante, uma a cada dez crianças consomem a bebida no lanche da tarde, o que dá uma média de 40 litros por ano para cada criança. A região em que a ingestão de açúcar é mais alarmante é a Centro-Oeste, onde se consome quase 30 gramas do nutriente por dia apenas no lanche, quando o recomendado por dia é de 22,5 gramas. Nas regiões Norte e Nordeste, os três itens mais consumidos no lanche da tarde (biscoito recheado, balas e refrigerantes) possuem alto valor energético, mas poucos nutrientes.

“Quanto mais saboroso o alimento industrializado, mais açúcar e gordura o alimento tem. Pela correria, se faz um lanche mais prático para a criança, mas que não tem os nutrientes importantes para o seu desenvolvimento, como vitaminas e minerais, o que a leva a receber sódio, açúcar e gordura” comenta Amanda Guimarães.

A indicação dos médicos que realizaram o estudo é que esses lanches sirvam como forma de introduzir alimentos nutritivos como frutas e cereais na dieta da criança. De acordo com o Manual do Lanche Saudável da Sociedade Brasileira de Pediatria, o lanche ideal para esta fase de desenvolvimento deve ter uma fonte de carboidrato, como pães integrais; uma fonte de proteína, a exemplo de leite, queijos e iogurte; uma bebida, que pode ser água ou sucos sem açúcar; e uma fruta.

A servidora pública Cláudia Santos, 45, passou a introduzir no final do ano, frutas na alimentação de seu filho, Matheus, 11, através de vitaminas, picolés e sorvetes caseiros, e reduziu a quantidade de frituras e fast food. Hoje, Matheus já come frutas regularmente. Com essa mudança de hábitos, o jovem conseguiu perdeu peso, um total de 4 quilos. “A parte mais importante foi a conscientização do que é ingerido. Como Matheus já tem uma idade para entender, foi mais fácil explicar o que é mais nutritivo e o que ajuda no crescimento”, comentou Cláudia. Ela conta também que passou a fazer nuggets e hambúrgueres caseiros, que levam menos sódio e não são fritos, o que prejudica menos o organismo.

Regiões Norte e Nordeste:

Lanche da manhã tem:

Banana (17,41%), frutas cítricas em gomos (16,17%), biscoitos sem recheio (15,92%), biscoito recheado (15,67%) e mamão (10,95%)

Lanche da tarde tem:

Biscoito recheado (43,03%), balas, pirulitos e caramelos (22,39%), refrigerantes (19,65%), bolacha (19,40%) e biscoito sem recheio (16,42%)