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Especialistas alertam para riscos à saúde com malhação em jejum

Batizada de AEJ, técnica que prega a prática de atividade física com o estômago vazio é polêmica

Publicado: 04/06/2015 às 17:23

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Existe uma fórmula ideal para perder peso e ganhar massa muscular? A resposta parece bem simples: alimentação balanceada mais atividade física. As recomendações da prática de exercícios de no mínimo meia hora e pelo menos três vezes por semana, de comer de três em três horas e de beber muita água são unânimes entre especialistas em nutrição e educação física. As divergências são em relação ao volume e à intensidade dos treinos, e o que se pode ou não comer, inclusive, antes e após a ginástica para um melhor resultado, levando em conta a singularidade e o objetivo de cada pessoa. Método de emagrecimento bastante polêmico e que levanta muita discussões é a malhação com o estômago vazio. Batizada com a sigla AEJ (aeróbico em jejum), a técnica consiste na prática de atividades aeróbicas, de baixa ou moderada intensidade, logo após acordar, com duração de 20 a 30 minutos, com o objetivo de diminuir a gordura corporal. Bem popular entre fisiculturistas, o AEJ vem ganhado cada vez mais adeptos nas academias entre pessoas que aderiram à musculação em busca do corpo prefeito. Doutor em química biológica e professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Tiago Costa Leite é um estudioso do método. No Dia Nacional de Luta contra a Obesidade, em 23 de maio, ele participou de congresso em Belo Horizonte, no Uni-BH, para debater temas como exercícios em jejum e modulação nutricional. Leite apresentou estudos confirmando que atividades físicas praticadas de barriga vazia, além de emagrecer, proporcionam melhor rendimento ao longo do dia. Embora afirme que o AEJ funciona, ele alerta: a prática sem acompanhamento de profissionais pode causar danos à saúde e a tática não é indicada a todas as pessoas. %u201CO método é muito utilizado por atletas de alta performance, que geralmente têm um percentual de gordura muito baixo e um preparo físico muito acima da média%u201D, observa Leite. Graduado também em educação física e nutrição, o especialista explica que muitos dos defensores da técnica maximizam o processo de emagrecimento. A base teórica do AEJ, segundo ele, é a seguinte: durante o sono, o corpo continua trabalhando e sem se alimentar acaba utilizando as reservas de glicogênio. Com seis ou oito horas de sono, a reserva de glicogênio do organismo baixa, e então, o corpo passa utilizar a gordura como fonte de energia, ou seja, ao acordar em jejum, o corpo queimará basicamente gordura, em detrimento de carboidratos. %u201CManter o organismo em privação de alimentos induz a maior queima de gorduras durante o esforço físico. Ao realizar o desjejum rico em carboidratos, o gasto de gordura diminui e, consequentemente, o carboidrato contido na refeição pré-treino passa a ser queimado%u201D, explica.
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