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Terremotos e reações em cadeia são frequentes, dizem especialistas

Segundo os cientistas, é possível que novos tremores sejam registrados na região de encontro das placas tectônicas euasiana e indiana

Publicado: 13/05/2015 às 15:40

Equipes de resgate procuram sobreviventes em um prédio em Katmandu, no dia 12 de maio de 2015. FOTO: AFP/PRAKASH MATHEMA/

Equipes de resgate procuram sobreviventes em um prédio em Katmandu, no dia 12 de maio de 2015. FOTO: AFP/PRAKASH MATHEMA/

Equipes de resgate procuram sobreviventes em um prédio em Katmandu, no dia 12 de maio de 2015. FOTO: AFP/PRAKASH MATHEMA Os terremotos são frequentemente seguidos por outros tremores de terra na mesma falha, como os que atingiram o Nepal nesta terça-feira, 17 dias após a primeira catástrofe. Um fenômeno de "reação em cadeia", segundo os cientistas, que pode levar a novas réplicas nos próximos dias.

O terremoto desta terça-feira está ligado ao de 28 de abril?
"Grandes terremotos são frequentemente seguidos por outros terremotos, às vezes tão fortes quanto o primeiro", explicou Carmen Solana, vulcanóloga da Universidade britânica de Portsmouth. "O primeiro terremoto impõe estresse adicional sobre falhas e os desestabiliza", detalhou. "É uma reação em cadeia".

"O terremoto de hoje ocorreu 75 km a leste de Katmandu. O epicentro de abril estava à mesma distância da capital nepalesa, mas para o oeste", notou David Rothery, professor de geociências planetárias da Open University britânica.

"Após o primeiro terremoto de abril, as réplicas foram transferidas para o sudeste", acrescentou Nigel Harris, sismólogo da Open University. "A composição da placa sub- adjacente foi prolongada do Ocidente para o Oriente" e "o segundo terremoto é uma extensão deste processo", disse.

O Nepal, como o resto do Himalaia, onde o encontro das placas tectônicas eurasiana e indiana, é uma região altamente sísmica.

"Os terremotos de hoje e o de abril são resultantes da convergência de placas tectônicas da Índia e euro-asiáticas", disse à AFP Pascal Bernard, sismólogo do Instituto de Física da Terra de Paris. "Como uma falha não é regular, não é contínua, não é significativamente sensível. Ela rompe em pedaços. Hoje, foi um novo pedaço que cedeu", segundo o cientista.

Devemos temer outros terremotos num futuro próximo?
"Pode haver tremores secundários significativos ainda mais a leste nas próximas semanas, mas, a priori, espera-se que eles sejam mais fracos", avaliou David Rothery.

Para Pascal Bernard, "tremores na região certamente não irão exceder magnitude 5". " Esta região, a nordeste de Katmandu, já sofreu um forte terremoto há 80 anos. A pressão entre duas placas tectônicas já foram liberadas. As placas funcionam como uma mola, que agirá com menos força por já ter sido desempacotada".

Por que esses terremotos são tão poderosos?
"O primeiro terremoto de magnitude 7,3 registrado na terça-feira e o de magnitude 6,3 que se seguiu podem ser considerados grandes réplicas da mesma magnitude do terremoto no Nepal, em 25 de abril. Em todos os três casos, o lugar da quebra das rochas em profundidade (a casa) é raso", explicou David Rothery.

"Este último terremoto irá causar mais danos às já enfraquecidas estruturas e mais danos para as áreas afetadas pelo desastre de abril. Grandes tremores secundários tendem a continuar nos próximos dias, nas próximas semanas, e podem destruir outros edifícios e produzir deslizamentos de terra e avalanches", afirmou Sandy Steacy, diretora da Escola de Ciências Físicas da Universidade de Adelaide.
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