Por: Agência Estado
Publicado em: 04/03/2015 11:50 Atualizado em:
"O organismo teria tempo de metabolizar e eliminar o álcool em mais horas. Ao tomar muito rápido, não deu tempo de eliminar. A velocidade de ingestão foi maior do que a de eliminação. O álcool pode ser um veneno e, quanto maior a dose, mais severos são os efeitos", explica o presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Daniel Junqueira Dorta, que também é professor de Toxicologia da Universidade de São Paulo (USP).
Dorta diz que o álcool atua como substância inibitória no sistema nervoso central. "Perto da nuca tem o centro que regula a respiração do organismo. A pessoa acaba perdendo a capacidade de respiração. Na literatura, encontramos que a partir de 5 gramas de álcool por litro de sangue pode acontecer a depressão do centro respiratório, levando à morte."
Para exemplificar a relação entre a quantidade de bebida e álcool concentrado no organismo, Dorta usa outro destilado: o uísque. Uma dose de 25 a 40 ml de uísque leva a uma concentração de 0,6 a 0,8 grama de álcool por litro de sangue (g/l).
A dificuldade de articular palavras e a diminuição dos reflexos podem aparecer com 1 g/l. A partir de 3 g/l, os processos de confusão e de perda da consciência já podem aparecer.
Muitos fatores interferem nos danos que o excesso de bebida alcoólica pode causar, como problemas no fígado, o metabolismo e o fato de o estômago estar vazio. "O peso influencia também. Na pessoa obesa, o álcool acaba se difundindo para o tecido adiposo e pode segurar um pouco (os efeitos)."
Dorta afirma que a sensação de relaxamento causada pela bebida pode ser mantida se a pessoa ingerir só uma lata de cerveja por hora. Em casos de mal-estar, o professor diz que é adequado não impedir o vômito. "É melhor, porque, se ainda tiver álcool no estômago, o órgão continua a absorvê-lo."