SUS
TCU vê ilegalidade em uso de dinheiro do SUS para distribuir cloroquina
Por: Estado de Minas
Por: Roger Dias
Publicado em: 26/01/2021 20:22
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Uma análise técnica do órgão apontou ilegalidade no uso de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) no fornecimento de hidroxicloroquina e cloroquina para pacientes com COVID-19. O método é defendido por Pazuello e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas não tem comprovação científica.
O Ministério da Saúde terá cinco dias úteis para explicar detalhes sobre o uso dos medicamentos, segundo despacho do ministro do TCU Benjamin Zymler, relator do processo.
Uma das polêmicas na auditoria foi a criação do aplicativo TrarCOVID, que orientava o uso indiscriminado dos medicamentos, que acabou sendo abolido. O objetivo do MS era testar a ferramenta em Manaus, que vive seu pior momento na pandemia, com a intenção de posteriormente expandir o uso para outras regiões do país. Instituições como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) pediram que o ministério retirasse o aplicativo do ar.
Segundo balanço feito na semana passada, a pasta distribuiu 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina em Manaus, cidade que enfrentou grave crise no abastecimento de oxigênio, levando a várias mortes por asfixia e transferência de pacientes para outros estados.
A auditoria do TCU afirma que o tratamento precoce só poderia ocorrer da forma “off label”, ou seja, fora das diretrizes do que prevê a bula do remédio. Nesse caso, para que medicamentos desse tipo sejam fornecido pelo SUS, seria necessária a autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que não ocorreu.
A própria agência se mostrou contrária ao uso de medicamentos sem comprovação científica, mas deixou a cargo dos médicos a responsabilidade de orientar o tratamento aos pacientes.
“Como não houve manifestação da Anvisa acerca da possibilidade de se utilizar os medicamentos à base de cloroquina para tratamento da Covid-19 e tampouco dos órgãos internacionais antes mencionados (as equivalentes à Anvisa em outros países), verifica-se não haver amparo legal para a utilização de recursos do SUS para o fornecimento de medicamentos com essa finalidade”, diz a auditoria do TCU.
Contradições
O ministro Benjamin Zymler também apontou que houve contradições em discursos e entrevistas recentes de Eduardo Pazuello. O chefe da Saúde disse que não indicaria medicação para combate ao coronavírus, mas orientou as pessoas a procurarem por tratamento precoce nos serviços de saúde (nome dado ao protocolo que inclui os medicamentos).
O ministro do TCU, no entanto, pontuou a existência de uma nota informativa, de maio de 2020, que contradiz o general, visto “que orienta a prescrição de kit de fármacos para o tratamento da COVID-19”. A primeira nota informativa foi publicada pelo Ministério da Saúde cinco dias depois de Pazuello assumir a pasta como ministro interino. Em agosto, o órgão mudou a nota.
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