EXTERIOR

Coronavírus: dançarina brasileira pede socorro para voltar da Turquia

Publicado em: 24/04/2020 21:15

A dançarina Romaiane está em Ankara e relata ter sofrido assédio, entre outras situações (Foto: Arquivo pessoal)
A dançarina Romaiane está em Ankara e relata ter sofrido assédio, entre outras situações (Foto: Arquivo pessoal)
As histórias de brasileiros no exterior, nesse período de Coronavírus é recheada de drama. Como por exemplo, que está na Turquia, onde alem de não ter como sair e voltar para casa, ainda tem de conviver com uma religião e uma cultura diferentes. Muitas vezes, as brasileiras passam por constrangimentos, como ser assediadas.

É o que conta a dançarina Romaiane Morais Sena, de 23 anos, que está em Ankara. Ela conta que foi para a Turquia para aproveitar uma oportunidade. “Tive a chance de vir para um grupo de dançarinos brasileiros aqui, que faz apresentação em vários lugares, em especial no litoral. Fazemos apresentações de samba, de axé, principalmente. Enfim, da música brasileira.”

Tudo ia às mil maravilhas, segundo ela, até que surgiu o Coronavírus. “Tudo mudou de uma hora pra outra. Grande parte das pessoas do nosso grupo retornou ao Brasil. Eu e minha amiga, Giovanna Peixoto, preferimos ficar. Só, que estamos num país muçulmano. Aqui é tudo diferente. Não podemos sequer circular pela cidade. Não podemos sair para ir para outra cidade, para pedir ajuda.”

Elas enfrentam, ainda, situações de assédio, segundo Romaiane. “Pedimos uma comida pelo telefone. O entregador chegou aqui na casa onde estamos, de favor, entregou, mas colocou minha foto em redes sociais, me tratando como se fosse uma prostituta. Isso, por ser brasileira, dançarina e por ser mulher.”

Ela conta que há um mês e meio estão tentando conseguir ajuda do governo brasileiro. Já fomos ao consulado, mas lá, sequer deixar a gente entrar. Nem mesmo se aproximar, no passeio. Ficamos limitadas a falar pelos canais oficiais, site da embaixada brasileira, e grupos sociais. “E as respostas, poucas, são sempre as mesmas, que devemos aguardar.”

No total, hoje, na Turquia, segundo Romaiane, seriam 90 brasileiros, entre residentes, trabalhadores que perderam seus empregos, e turistas, que estão na Turquia. “Sabemos disso porque criamos um grupo só de brasileiro. O problema maior é que não existem mais voos comerciais. O espaço aéreo está fechado. Estamos pedindo “pelo amor de Deus” para que o Itamaraty nos ajude.”

O que diz o Itamaraty
Até a noite de ontem, segundo o Itamaraty, um total de 15.832 brasileiros retornaram ao país, desde o início da crise. A estimativa do órgão é que cerca de 4.500 pessoas, em 82 países, ainda esperam o repatriamento.

Na França, segundo a Associação Ami Du Brésil afirma ter quase 400 nomes de brasileiros cadastrados para receber ajuda, alimento de maneira geral. Mas o Itamaraty afirma que tem conhecimento de apenas 36 brasileiros não residentes com dificuldades para retornar daquele país. Um repatriamento foi feito no último dia 17, de 50 brasileiros.

No caso da Turquia, um grande número de brasileiros foi repatriado em voos comerciais até o fechamento do espaço aéreo e a interrupção dos voos da Turkish Airways. O Itamaraty informa, no entanto, que tem conhecimento de 115 brasileiros que solicitaram auxílio do Itamaraty, incluindo visitantes temporários e residentes em situação de desvalimento.

O órgão afirma que o retorno dos cidadãos brasileiros retidos no exterior é uma prioridade. E que em muitos casos, são situações complexas, de difícil resolução, sobre as quais está trabalhando, em negociação com companhias aéreas ou governos locais, conforme cada caso. O objetivo, segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, é trazer todos os brasileiros retidos, no prazo mais curto possível.
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