OPERAÇÃO MÁCULA

Vazamento de óleo teve origem em navio grego, suspeita PF

Publicado em: 01/11/2019 10:12 | Atualizado em: 01/11/2019 10:50

 (Tarciso Augusto/DP Foto)
Tarciso Augusto/DP Foto
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (1º) uma operação que tem como objetivo apurar a origem do vazamento de óleo que atinge as praias do litoral nordestino desde setembro. As investigações, realizadas com a cooperação da Interpol, apontam que o derramamento teve origem em um navio grego entre os dias 28 e 29 de julho.

Dois mandados de busca e apreensão, expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal, em sedes de representantes e contatos da empresa grega no Brasil estão sendo cumpridos no Rio de Janeiro. 

A apuração conseguiu identificar que apenas um petroleiro navegou pela área suspeita durante a data provável do vazamento. O nome da empresa responsável pela embarcação não foi divulgado. Para delimitar o local, a PF identificou o ponto de partida do petróleo, localizado a aproximadamente 700 quilômetros da costa brasileira. 

“A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento. Imagens satelitais, associadas aos dados acima, apontam esse navio como o principal suspeito”, afirmou a Marinha em nota oficial. O objetivo dos investigadores agora é descobrir a propriedade do petróleo que era transportado pelo navio.

A Marinha afirmou que "as investigações prosseguem, visando identificar as circunstâncias e fatores envolvidos nesse derramamento (se acidental ou intencional), as dimensões da mancha de óleo original, assim como mensurar o volume de óleo derramado, estimar a probabilidade de existência de manchas residuais e ratificar o padrão de dispersão observado."

Confira nota divulgada pela Marinha na íntegra

A partir do trabalho, conjunto e coordenado, entre a Marinha do Brasil e a Polícia Federal, com apoio de instituições nacionais e estrangeiras, foi possível o avanço das investigações sobre a causa do aparecimento das manchas de óleo que atingiram o litoral nordestino, desde 30 de agosto.

A investigação foi caracterizada por esforços em diversas áreas de conhecimento, como o estudo da influência das correntes oceânicas, a análise do tráfego marítimo, o emprego de geointeligência e a análise química dos resíduos encontrados.

Estudos realizados pelo Centro de Hidrografia da Marinha junto a universidades e
instituições de pesquisa possibilitaram a determinação de uma área inicial de possível ocorrência do descarte de óleo, orientando os esforços iniciais da investigação.

A partir dessa área inicial, e com dados sobre o tráfego marítimo obtidos pelo Centro
Integrado de Segurança Marítima (CISMAR), a Marinha do Brasil chegou a um número de 1100 navios, havendo, posteriormente, um refinamento para 30 navios-tanque.

Paralelamente, a Polícia Federal (PF), por meio de geointeligência, identificou uma imagem satélite do dia 29 de julho de 2019, relacionada a uma mancha de óleo, localizada 733,2 km (cerca de 395 milhas náuticas) a leste do estado da Paraíba. Essa imagem foi comparada com imagens de datas anteriores, em que não foram identificadas manchas.

O óleo coletado nas praias do litoral nordestino foi submetido a várias análises em
laboratórios que comprovaram ser originário de campos petrolíferos da Venezuela.
Essas informações foram complementadas pela verificação de outros parâmetros, como
carga, porto de origem, rota de viagem e informações dos armadores.
Dos 30 navios suspeitos, um navio tanque de bandeira Grega encontrava-se navegando na área de surgimento da mancha, na data considerada, transportando óleo cru proveniente do terminal de carregamento de petróleo “SAN JOSÉ”, na Venezuela, com destino à África do Sul. Imagens satelitais, associadas aos dados acima, apontam esse navio como o principal suspeito.

O  acompanhamento  do  CISMAR  atesta  que  aquele  navio  manteve  seus  sistemas  de
monitoramento  alimentados   (Automatic   Identification  System   -  AIS)   e  não  houve  qualquer comunicação à Autoridade Marítima do Brasil sobre o derramamento em questão.
 
Durante a investigação, sistemas de localização (AIS), também foram avaliados navios que não transmitiam com seus conhecidos como “Dark Ships”. Entretanto, após verificação de
imagens satelitais, não foram correlacionados a essa ocorrência.

As investigações prosseguem, visando identificar as circunstâncias e fatores envolvidos nesse derramamento (se acidental ou intencional), as dimensões da mancha de óleo original, assim como mensurar o volume de óleo derramado, estimar a probabilidade de existência de manchas residuais e ratificar o padrão de dispersão observado.

O ineditismo dessa ocorrência exigiu o estabelecimento de protocolo próprio de investigação, demandando a integração e coordenação de diferentes organizações e setores da sociedade. A Marinha do Brasil, a Polícia Federal e demais colaboradores permanecerão conduzindo a investigação até que todas as questões envolvidas sejam elucidadas.

**Com informações da Veja e UOL
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