Consciência Negra

Territórios negros de São Paulo ainda são pouco conhecidos pela população

Por: FolhaPress

Publicado em: 17/11/2019 08:12 | Atualizado em: 17/11/2019 08:16

A São Paulo de territórios negros é pouco conhecida da maioria da população. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
A São Paulo de territórios negros é pouco conhecida da maioria da população. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Quem pensa que Pelourinho é apenas um bairro em Salvador está enganado. Em um passado não muito distante, a cidade de São Paulo também teve um largo do Pelourinho, onde existia uma coluna de pedra usada para torturar negros escravizados.

E por aqui também existiram um quilombo, um mercado de escravos, festas com rituais africanos, alforriados que eram artistas, negros abolicionistas e até um cemitério dos desvalidos.

A São Paulo de territórios negros é pouco conhecida da maioria da população. Para resgatar um pouco dessa memória da cultura negra da capital, alguns pontos podem ser visitados neste 20 de novembro, feriado municipal do Dia da Consciência Negra.

Segundo o historiador Eribelto Peres Castilho, do Instituto Bixiga de Pesquisa, Formação e Cultura Popular, o negro se insere na cultura paulistana com mais intensidade a partir do século 18, com o início do cultivo da café.

"Naquela época, São Paulo não era a potência econômica que conhecemos hoje. Era uma cidade de barro, com casas feitas em taipa, e essencialmente indígena", diz ele.

O historiador lembra que com a exploração do café, os fazendeiros viram nos negros o braço forte de que precisavam. Já em meados do século 18, os negros que chegaram à capital, explica Castilho, vinham da Bahia e trouxeram consigo a sua cultura e principalmente a sua religião, dando início a novas misturas.

Segundo Castilho, da mistura da umbanda surge a macumba paulista, com novos rituais e fortalecendo o sincretismo religioso.

Outra grande herança da cultura negra na capital é a música. Castilho lembra que o samba paulista tem presença de percussão em tons mais graves do que as composições do Rio de Janeiro, por exemplo.

Essas batucadas iniciais foram dadas na antiga igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que ficava na praça Antônio Prado.

A historiadora Danielle Franco da Rocha, também do Instituto Bixiga, que essa região onde ficava a igreja era conhecida pelas festas populares dos negros. "Mas também existia o território onde ficavam os equipamentos de desprestígio, como a forca e o pelourinho, e o território de luta e resistência, como o quilombo Saracura", afirma.

Para quem deseja aprender um pouco mais, há empresas e institutos especializadas em caminhadas pela região central que visitam esses pontos.

A Caminhada São Paulo Negra, que será realizada no sábado (23) pela operada Black Bird Viagem, vai resgatar as histórias negras do Bixiga. O passeio custa R$ 20, e o ponto de encontro será a escola de Samba Vai-Vai, na rua São Vicente, 200, na Bela Vista.

O Instituto Bixiga realiza no sábado (23) o RolêSP Territórios Negros. Será uma aula de campo com os historiadores Danielle Franco da Rocha, Eribelto Peres Castilho e Edimilsom Peres Castilho. O passeio custa R$ 60. Mais informações pelo telefone 2597-0343.
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