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População do Brasil deve começar a cair a partir de 2048

Publicado em: 29/08/2019 09:13 | Atualizado em: 29/08/2019 10:43

Marcelo Neri, diretor da FGV Social. Foto: Antonio Cruz/CB
Com 210,1 milhões de habitantes, o Brasil teve crescimento populacional de 0,79% entre julho de 2018 e julho de 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados divulgados nesta quarta-feira (28/8), no entanto, mostram uma queda do crescimento quando comparado ao do ano passado, quando a taxa foi de 0,82%. O município de São Paulo se manteve como o mais populoso do país, com 12,25 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (6,72 milhões), Brasília (3 milhões) e Salvador (2,9 milhões). Segundo o IBGE, a desaceleração deve continuar.

“A tendência desse crescimento é continuar caindo. O IBGE projeta que, a partir de 2048, a população deve começar a diminuir no Brasil, com uma taxa de crescimento negativa”, afirmou o pesquisador do IBGE, Marcio Minamiguchi. Ele explicou que a queda do crescimento populacional evidenciada este ano se deve principalmente ao “processo de envelhecimento da população”. “É algo que já ocorre em países desenvolvidos. Com um maior número de idosos, a tendência é crescer a quantidade de óbitos, então a taxa diminuiu em função disso”, disse.

Para Marcelo Neri, diretor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social, isso ocorre por causa da “transição demográfica”. “Embora a população esteja vivendo mais, a cada 3 anos ganhamos 1 ano de expectativa de vida, a fertilidade está caindo rapidamente. Hoje, as mulheres têm menos de 2 filhos, e ainda tem o fator da migração, que não é tão relevante no Brasil”, constatou o especialista.

Na opinião de Neri, a redução da população brasileira impõe desafios fiscais, tanto na área da Previdência quanto da saúde, no entanto, é positiva para a política educacional. “Com uma maior expectativa de vida, é possível alongar a jornada escolar, tentar melhorar a qualidade da educação. Ao mesmo tempo eleva o custo, pelo ponto de vista da Previdência, de políticas de saúde. A maior expectativa de vida talvez seja a melhor notícia que a gente possa ter na nossa sociedade”, esclareceu.

Dos 210,1 milhões de habitantes totais, 50 milhões vivem nas 27 capitais brasileiras. A quantidade representa, em 2019, 23,86% da população total. A capital com maior taxa de crescimento no último ano foi Boa Vista, com 6,35%, e, a menor, Porto Alegre, com 0,32% de crescimento. Já a população de Brasília cresceu 1,36%. Segundo o diretor da FGV Social, essa taxa é positiva, acima da média, e reflete o “alto nível educacional da população brasiliense”.

Brasília
“Em Brasília, o vento ainda está soprando a favor, e no Brasil, começa a soprar contra. A capital também tem uma forte migração, pelo fato de ser capital, de ter sido estabelecida há pouco mais de 50 anos. É uma área jovem que atrai imigrantes pelo fato de ser a capital do país, mas de alguma forma esses atributos demográficos conferem uma certa dinâmica econômica maior do que outros lugares”, afirmou.

No ranking dos estados, segundo dados do IBGE, os três mais populosos estão na região Sudeste, e os cinco menos populosos, no Norte. O maior deles é São Paulo, com 45,9 milhões de habitantes, concentrando 21,9% da população do país. Roraima é o estado menos populoso, com 0,3% da população total (605,8 mil habitantes). Os dados do instituto também estimam que, em 2019, 57,4% da população brasileira (120,7 milhões de habitantes) se concentra em apenas 5,8% dos municípios (324 municípios), que são aqueles com mais de 100 mil habitantes. Por outro lado, na maior parte dos municípios (3.670 municípios), com até 20 mil pessoas cada, residem apenas 15,2% da população do país, ou seja, 32 milhões de pessoas.

Entre os 17 municípios cuja população ultrapassa 1 milhão de habitantes, 14 são capitais estaduais, que concentram 21,9% da população do país. Entre os municípios menos populosos, 25 têm população inferior a 1,5 mil habitantes, sendo que três possuem população inferior a mil habitantes: Serra da Saudade (MG) com 781 habitantes; Borá (SP);  com  837;  e Araguainha (MT), com 935.
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