COMITIVA PRESIDENCIAL

Militar preso com cocaína divide cela sem TV e tem banho de sol em cadeia na Espanha

Publicado em: 27/06/2019 11:50 | Atualizado em: 27/06/2019 12:21

O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues foi preso na Espanha com 39 quilos de cocaína. Foto: Reprodução/Facebook
O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, 38 anos, completou 24 horas no Centro Penitenciário Sevilha 1, na Espanha, onde cumpre prisão provisória por suspeita de tráfico de drogas em território espanhol. O militar foi preso na terça-feira (25) e levava na bagagem 39 quilos de cocaína em um avião da equipe de apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro. 

Na penitenciária, Manoel divide com outro preso uma cela de 18 metros quadrados, sem televisão, e na manhã desta quinta-feira (27) já pode desfrutar do banho de sol. Além disso, o sargento já teve quatro refeições (almoço e jantar da quarta e café da manhã e almoço desta quinta). 

De acordo com o jornal O Globo, a unidade em que Manoel se encontra atualmente tem 1.300 detentos, entre eles, criminosos, suspeitos de menor periculosidade e aqueles que pertencem a forças de segurança. 

A notícia da chegada do "militar da comitiva do Bolsonaro", como ele ficou conhecido na região, rapidamente se espalhou entre os detentos e os próprios agentes.

O estabelecimento costuma receber presos de menor periculosidade ou que ainda estão detidos em caráter provisório. 

Na prisão espanhola, o militar brasileiro terá direito a duas visitas de vinte minutos por semana, além de dez ligações telefônicas de até cinco minutos para números previamente aprovados pela Justiça. 
 
A administração da penitenciária oferece auxílio para que os detidos estrangeiros consigam entrar em contato com suas respectivas embaixadas e consulados. Algumas ONGs de direitos humanos atuam ajudando na integração dos presos. 

Questionada pela reportagem, a Embaixada do Brasil em Madrid ainda não informou se está prestando algum tipo de auxílio ao sargento. 

Na tarde de quarta-feira (26), o militar foi apresentado a um juiz de instrução do TSJA (Tribunal Superior Judicial da Andaluzia). O magistrado determinou sua prisão, sem direito a fiança. Na sessão, o brasileiro foi representado por um defensor público, com o auxílio de um intérprete para português.

O militar permanece à disposição da Justiça espanhola, que investiga o caso como tráfico internacional de drogas. 

Entre os ex-detentos famosos da penitenciária estão a cantora espanhola Isabel Pantoja, acusada de fraude fiscal, que foi condenada a dois anos em regime fechado em uma unidade anexa só para mulheres.

FISCALIZAÇÃO DE ROTINA
A apreensão de 39 kg de cocaína na bagagem do sargento Manoel Silva Rodrigues, que viajava no avião reserva da Presidência da República, foi feita em uma fiscalização de rotina no aeroporto de Sevilha. 

Segundo agentes da Guarda Civil espanhola, a grande quantidade de entorpecentes e o fato de a droga não ter sido disfarçada na bagagem indicam que o militar brasileiro provavelmente não contava com a inspeção. 

Embora estivessem a bordo de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), de acordo com a polícia espanhola, os membros da delegação não tinham direito à imunidade diplomática. A tripulação foi então sujeita ao mesmo controle dos demais passageiros.

Os responsáveis pela descoberta da cocaína cumpriam um protocolo habitual de verificar com mais atenção os passageiros provenientes das chamadas "rotas quentes" internacionais, que são as viagens conhecidas por serem usadas por traficantes.

O aeródromo de San Pablo, em Sevilha, foi durante vários anos um conhecido ponto de entrada para a droga da América do Sul na Europa. O uso do Brasil como base para o envio de cocaína se intensificou após o aumento da fiscalização de voos provenientes da Colômbia.

Os traficantes costumam se aproveitar da fiscalização menos rigorosas de aeroportos pequenos do Brasil –mas que têm voos diretos para a Europa– para enviar a droga para o continente.

Segundo a imprensa espanhola, Rodrigues desembarcou do avião e tentou sair do aeroporto carregando um trolley de mão azul e uma segunda bolsa, menor, de cor marrom. A droga estaria dividida em 37 embalagens, de pouco mais de 1 kg cada.

Avaliada em quase R$ 6 milhões, a droga tem alto teor de pureza e teria como destino a própria Espanha, que é um dos principais mercados consumidores europeus. 

A apreensão foi uma das maiores já registradas no aeroporto de Sevilha. 
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