Declaração

Em evento, Joana Félix diz que não deixará mídia matar seu trabalho

Por: FolhaPress

Publicado em: 17/05/2019 22:47

Foto: ETEC/Divulgação (Foto: ETEC/Divulgação)
Foto: ETEC/Divulgação (Foto: ETEC/Divulgação)
Em palestra esvaziada nesta sexta (17) em São Paulo, a pesquisadora Joana D'Arc Félix de Sousa pediu desculpas "pelo transtorno" que causou e afirmou que não pode deixar "a mídia matar" o trabalho que faz.

Félix está envolvida em polêmicas após reportagem do jornal O Estado de São Paulo revelar que ela não tinha um diploma de pós-doutorado de Harvard, como constava em seu currículo Lattes. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou também que ela foi condenada em 2013 por não prestar contas à Fapesp.

"Não quero, pelo amor de Deus, deixar a mídia matar esse tipo de trabalho aqui", afirmou, referindo-se aos projetos que realiza com alunos de uma escola em Franca (interior de SP).

"Todo mundo metendo a boca, mas quem está tirando o jovem do tráfico? Estou dando minha contribuição."

Félix foi uma das palestrantes da feira de educação e tecnologia Bett Brasil. O site do evento dizia que todas as vagas para a apresentação, intitulada O Papel da Educação Científica na Construção do Conhecimento e de uma Sociedade Mais Igualitária, estavam esgotadas %u2013 o auditório tem 750 lugares.

Mas apenas cerca de 50 pessoas a assistiram. Segundo uma organizadora do evento, as palestras anteriores também tiveram baixo quórum %u2013 a de Félix foi a última do dia no local.

A pesquisadora abriu a apresentação com um slide pedindo desculpas. E completou: "Jamais busquei notoriedade por vaidade pessoal. Minha luta é em prol da EDUCAÇÃO e dos DESVALIDOS."

Ela afirma que seus projetos, como o curso que ensina técnicas de curtimento, ajudam a diminuir a evasão escolar e a tirar jovens do tráfico e da prostituição.

Durante cerca de 50 minutos, falou sobre os projetos que realiza com os alunos da escola em Franca e mostrou fotos de prêmios que teria recebido pelos trabalhos %u2013108, segundo ela.

Na hora das perguntas da plateia, uma professora disse que não sabia muito bem o que estava acontecendo e desejou "coragem" a Félix. Outra disse que a química é uma inspiração para ela.

Em breve conversa com jornalistas ao fim do evento, disse que tem 55 anos. Para comprovar, mostrou a foto da sua identidade na tela do celular, onde consta que nasceu em 22 de outubro de 1963.

A idade também é alvo de polêmicas %u2013 afirmou que tinha 48 à Folha de S.Paulo em 2018, 55 ao Estado e 39 em uma entrevista e em redes sociais.

Voltou a dizer que o certificado de pós-doutorado fora criado para uma encenação de alunos, e que fazer um "diploma de mentira" foi um erro. Ela alega que, na ocasião, informou ao jornalista do jornal O Estado de S. Paulo sobre o erro.

Afirma que fez orientação à distância com um professor de Harvard e que foi convidada a estudar na instituição. Mas não tem registro de nada, segundo ela. "Não fui aluna efetiva, não. Então digamos que não fiz [o pós-doutorado]. Fiz orientação à distância. Se isso não é válido, quer dizer que não fiz."

Sobre a prestação de contas à Fapesp, afirmou que "precisa ver as inconsistências", que não foi notificada sobre isso e que vai ver a questão na próxima semana.
A pesquisadora disse ainda que decidiu desativar suas redes sociais por orientação do advogado, após sofrer ataques e ameaças. "Muita coisa, assim, bem forte", segundo ela, sem especificar.
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