Alerta

Sirene dispara em Barão de Cocais e risco em barragem chega ao nível pré-rompimento

Publicado em: 22/03/2019 22:29 | Atualizado em: 22/03/2019 22:56

Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
De acordo com os bombeiros que atendem Barão de Cocais, a Vale assegurou, no entanto, que não há possibilidade de rompimento. No entanto, segundo a corporação, a empresa não soube explicar, diante disso, o porquê do acionamento das sirenes e da elevação do nível de risco.

Segundo documento oficial da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), este nível “caracteriza-se por uma situação de ruptura iminente ou que está ocorrendo”. O órgão informou que vai conceder uma entrevista coletiva, por volta das 23h, para dar mais detalhes sobre a situação na represa. 

De acordo com os bombeiros que atendem Barão de Cocais, a Vale assegurou, no entanto, que não há possibilidade de rompimento. No entanto, segundo a corporação, a empresa não soube explicar, diante disso, o porquê do acionamento das sirenes e da elevação do nível de risco.

Em nota publicada em suas redes sociais, a Prefeitura de Barão de Cocais também confirmou o acionamento das sirenes e a elevação para o nível 3 de alerta.


As comunidades próximas à barragem foram evacuadas do local em 8 de fevereiro. No total, 452 pessoas saíram às pressas de suas casas naquela ocasião, durante a madrugada de uma sexta-feira, após o acionamento dos sinais sonoros de emergência. As medidas, segundo a Vale, faziam parte do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

Bloqueio

Em 1º de março, a Justiça mineira bloqueou R$ 50 milhões da Vale como forma de garantir o ressarcimento por possíveis prejuízos causados pela evacuação de moradores de Barão de Cocais. A medida foi tomada depois que uma consultoria avaliou que a barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco tinha risco de se romper. 

A ação é de autoria do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Defensoria Pública. No entanto, na ocasião, os órgãos solicitaram o bloqueio de R$ 1 bilhão, o que foi diminuído pela Justiça. O valor acatado corresponde a 5% do solicitado.

Sítio histórico

Gongo Soco é um sítio histórico de grande importância para Minas Gerais, em Barão de Cocais, distante 76 quilômetros de Belo Horizonte. A mina, provavelmente uma das mais antigas do estado, viveu períodos de apogeu durante o ciclo do ouro no século 18, a decadência na extração dessa riqueza e uma outra fase de exploração de minério de ferro.

Foi operada pela Vale entre 2000 e 2016, com produção que baixou de 6 milhões de toneladas por ano até o seu fechamento. A extração de ferro foi iniciada em 1987 e 11 anos depois houve nova etapa de pesquisas para buscar ouro.

O patrimônio e a cultura de Minas também estão sob risco das barragens. Historiadores contam que um comerciante de madeira, chamado Manuel da Câmara Bittencourt, descobriu ouro na antiga vila de Gongo Soco no início do século 18, quando a mina ficou conhecida.

A reserva foi herdada pelo Barão de Catas Altas, João Batista Ferreira de Sousa Coutinho. No século 18, tanto a vila quanto a mina foram vendidas à companhia inglesa Imperial Brazilian Mining Association.

Os ingleses construíram aldeia, ponte, fundição de pedra e duas igrejas. Era o próprio Barão de Catas Altas quem guardava sob chaves em um grande palácio que ergueu no local.

As ruínas da vila e o palácio foram tombados em 1995 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iphan). 
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