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Polícia indica dolo eventual em Brumadinho e Vale será indiciada por falsidade ideológica

Publicado em: 26/03/2019 09:22 | Atualizado em: 26/03/2019 09:24

Área devastada pela lama em Córrego do Feijão: investigações apontam que Vale sabia do risco de rompimento de barragem, mas não tomou medidas para evacuar área da mancha de inundação. Foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS

A Vale será indiciada por falsidade ideológica pela Polícia Federal e a Polícia Civil sustenta que há fortes indícios de que a mineradora agiu com dolo eventual, quando mesmo sabendo dos perigos assumiu o risco do resultado no rompimento da Barragem 1, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Esses foram dois adiantamentos dados pelos delegados Luiz Augusto Pessoa Nogueira, da Polícia Federal, e Bruno Tasca Cabral, da Polícia Civil, que participaram nesta segunda-feira da primeira sessão de interrogatórios da Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) da Barragem de Brumadinho criada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

Segundo o delegado da Polícia Federal, a investigação da corporação foi desmembrada para investigar, de forma separada, crimes de falsidade ideológica, os crimes ambientais e os mais de 300 homicídios. No caso da falsidade ideológica, o policial explicou que a Vale usou documentos falsos para conseguir a licença necessária ao descomissionamento da Barragem 1. 

Delegados (esquerda) foram ouvidos na CPI que apura o rompimento da barragem da Vale, na ALMG. Foto: Guilherme Dardanham/ALMG


Luiz Augusto Nogueira também explicou que a consultoria Tüv Süd apontou a necessidade de adequações no reservatório, mas mesmo sem a Vale garantir as obras necessárias a empresa de origem alemã confirmou a estabilidade da barragem. Ainda segundo o delegado da Polícia Federal, na investigação comandada pela PF os funcionários da empresa de consultoria confessaram que foram pressionados para assinar o atestado de estabilidade. 

DOLO EVENTUAL
Já o delegado Bruno Tasca Cabral, que chefia o Departamento de Investigações de Crimes Contra o Meio Ambiente da Polícia Civil e é responsável pelas investigações da corporação estadual sobre o rompimento da barragem, disse que há fortes indícios de dolo eventual nos crimes praticados pela Vale, quando se sabe dos perigos, mas mesmo assim o risco do resultado é assumido. 

Cabral reforçou a tese também defendida pela PF de que a Vale já sabia do risco de rompimento do reservatório, apontado pelo Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM). A empresa já sabia do perigo desde 2017 e tinha conhecimento de que o rompimento poderia afetar entre 120 e 150 pessoas, mas mesmo assim não tomou medidas para evacuar a área. 

As investigações das duas corporações seguem com o objetivo de responsabilizar os culpados pela tragédia que já matou 214 pessoas e mantém outras 91 desaparecidas.
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