Com homenagem a Marielle Franco, Mangueira é campeã do carnaval do Rio

Publicado em: 06/03/2019 19:17 | Atualizado em: 06/03/2019 19:35

Com 270 pontos, a Estação Primeira de Mangueira é a campeã do desfile do Carnaval do Rio de Janeiro. Esta é a 20ª vez que a verde e rosa leva o título com o enredo que recontou a história do Brasil por meio de heróis da resistência, negros e índios. Ela também ganhou o prêmio Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial em 2019. Em segundo ficou a Viradouro (269,7), seguida por Unidos de Vila Isabel (269,4), Salgueiro (269,3), Portela (269,3) e Mocidade (269). O Império Serrano (266,6) e a Imperatriz Leopoldinense (263,8) acabaram rebaixados.

 

Este ano, a agremiação levou para a Marquês da Sapucaí a lembrança dos heróis esquecidos pela história do país, repensando narrativas oficiais que foram ensinadas ao longo de gerações para os brasileiros. O enredo é do carnavalesco Leandro Vieira. O desfile contou com figuras como a Princesa Isabel, Dom Pedro I e Pedro Álvares Cabral. Um dos destaques da Mangueira foi a homenagem à vereadora Marielle Franco (PSol), assassinada em março do ano passado junto com o motorista Anderson. O desfile contou com a presença da viúva de Marielle, Mônica Benício. A lembrança foi muito bem recebida pela plateia, que a ovacionou e se emocionou durante o desfile. Viradouro e Vila Isabel ficaram respectivamente em segundo e terceiro lugar.


A rainha da bateria foi Evelyn Bastos. Os quesitos avaliados foram respectivamente: Evolução; Harmonia; Mestre-Sala e Porta-Bandeira; Alegorias e Adereços; Comissão de Frente; Samba-Enredo; Enredo; Bateria e Fantasias. As seis primeiras colocadas voltarão à avenida no próximo sábado (9/3), quando será realizado o tradicional desfile das campeãs. De acordo com o regulamento, as duas últimas colocadas desfilarão na Série A em 2020.

Samba Enredo:  História pra Ninar Gente Grande

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

 Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa as multidões

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